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Deleite Linguístico: Bem-vindo ou bem vindo? Usar ou não hífen? Eis a questão.

Começamos o ano, e a expressão que mais se vê circular é “Bem-vindo, 2024!”. Essa simples frase, contudo, gera muitas dúvidas aos falantes de Língua Portuguesa. Tudo por conta do hífen, meus caros leitores! Acerca desse emprego, vale enfatizar que consta do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, cuja implementação se iniciou há tempos. Para ajudá-los, farei uma exposição do que prescreve o Acordo Ortográfico de 1990 nas Bases XV, XVI e XVII.

Como nosso tempo é escasso, compartilho estas dicas:

1) empreguem o hífen em palavras compostas quando a primeira palavra terminar com uma letra igual à primeira letra que inicia a segunda. Em outras palavras, usem o provérbio “Dois bicudos não se beijam”. Para exemplificar isso, temos “micro-ondas, anti-idade, inter-regional”. Sei que estão relembrando que algumas dessas eram grafadas com o hífen, mas você, leitor(a) mudou, e a língua também, já que é viva e dinâmica! (Lembre-se de Heráclito de Éfeso, que sabiamente nos disse que “nenhum homem pode banhar-se duas vezes no mesmo rio […] pois, na segunda vez, o rio já não é o mesmo, nem tão pouco o homem.”

Sigamos esse filósofo, deixando o passado para trás, e continuemos com minhas dicas, que facilitarão sua vida na hora de escrever com ou sem hífen:

2) não o empreguem, em palavras compostas, se a primeira palavra terminar com uma letra diferente da que inicia a segunda. De outra forma, “Os opostos se atraem”. Há aqui um detalhe: se a primeira palavra terminar com vogal e a segunda iniciar pelas consoantes R e S, dobre-as, a fim de manter o mesmo som.

Querem ver como é simples? Observem as palavras “autoescola, contracheque, contrafilé, seminovo, intermunicipal, cosseno, ultrassonografia, contrarregra, semirreta”. Como afirmei, não há como usar o hífen!

No rol das dicas, cabem mais estas:

3) se a palavra composta tiver a segunda iniciada por H, ficará separada por hífen da primeira. Lembrem-se de “super-homem, anti-horário”. Obviamente há casos em que o H cai, tais como “inabilitado, reaver, desumano”;

4) se, em compostos, a primeira palavra apresentar um acento gráfico, ficará separada da segunda por hífen. Acrescentem-se a isso os termos “sem” e vice”, que acabam ficando no ostracismo. (Quanta maldade!). Exemplos: pré-temporada, pós-graduação, recém-nascido, sem-vergonha, vice-governador;

5) em locuções, não se usa o hífen entre as palavras. Sendo assim, “fim de semana, dia a dia, mão de obra, cor de vinho, sala de jantar” são grafadas assim. Ressalto que pode haver dúvidas no significado de “dia a dia”, já que tanto pode significar “dia após dia” quanto “o cotidiano”, restando somente ao contexto diferenciá-las.

Com minhas contribuições linguísticas, espero que estejam mais seguros no momento em que forem produzir textos na modalidade escrita, meus caros!

Vejam as mudanças do Acordo Ortográfico como uma forma de facilitar a escrita de nós, usuários de nossa “última flor do Lácio”, tão amada por mim!

Feliz 2024 a cada um (a) de vocês que prestigia tanta esta quanto todas as colunas do Jornal DR1!

Abraços fraternos!  

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