As aulas já começaram, e novidades surgem a todo instante nas salas de aula. Dentre tantos materiais escolares novinhos e cheios de referências, um deles chamou-me atenção: o caderno inteligente, que possibilita a reorganização de páginas sem danificá-lo. Por ser reutilizável, contribui para a sustentabilidade. Que genial! Não faz, todavia, milagres.
Sim, meus caros, não sei o que se passa na cabecinha dessa meninada, que anda, cada vez mais, indiferente à escola. Como estou em sala diariamente, tenho lugar de fala para declarar que algo está muito errado. E saibam que as prefeituras investem pesado para oferecer uma educação de qualidade. Infelizmente a ausência familiar quebra a engrenagem em que cada um é peça-chave para o melhor desempenho dos aprendizes. Estratégias pedagógicas variadas são planejadas por profissionais que atuam nas Secretarias de Educação, onde são elaboradas matrizes curriculares, formações, avaliações, materiais e tudo mais que possa assegurar aos matriculados nas escolas os conhecimentos necessários para uma formação adequada. Questiono-me, então, o porquê de tamanho desinteresse do alunado e acredito que as redes sociais são a principal causa da desmotivação dessa garotada, que vê a escola como um lugar desagradável e ultrapassado. A satisfação de muitos só é atingida no mundo virtual em que são bombardeados por inúmeras e, por vezes, vis informações que atrapalham o processo de aquisição de conhecimentos, que serão úteis ao longo de toda a sua vida.
Quantos acidentes poderiam ser evitados se houvesse aplicação de conteúdos adquiridos na escola? Mal assistem a um vídeo e já estão vendo um outro. Estão sempre acelerados. Na escola, onde o silêncio, a disciplina e a atenção são essenciais, deparam-se com um quadro branco e com professores que querem estimular o protagonismo de seus alunos. Mas como, se esses são pacientes na internet? Esses estudantes são meros reprodutores do que veem lá e, na escola, são chamados a refletir e a produzir, o que os coloca em uma condição incômoda. Logo, o melhor é disfarçar a incapacidade com um comportamento inadequado que camufle, por exemplo, um processo de alfabetização incompleto.
Sou daqueles educadores que leem o caderno dos alunos, e é notório que muitos são incapazes de fazer uma cópia sem erros. Mesmo sinalizado o problema, a desatenção persiste. Isso é grave. Como não conseguem realizar uma simples cópia? Fico imaginando como serão na vida adulta e em suas profissões. Daí me pergunto: qual a utilidade de uma caderno inteligente se seu dono não reconhece o próprio potencial, alcançado se, e somente se, enxergar seus professores como aliados no processo de ensino-aprendizagem?
