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Deputada relata caos no IML do Rio após megaoperação: ‘Corpos estão fedendo`

Foto: Jornal Povo na rua

Parlamentares e representantes do Governo Federal se reuniram na noite desta quinta-feira (30) na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) para discutir os desdobramentos da megaoperação policial nos complexos da Penha e do Alemão. O encontro teve como foco a assistência às famílias das vítimas e a situação dos corpos no Instituto Médico-Legal (IML) Afrânio Peixoto, no Centro, onde foi relatado um cenário de colapso.

A presidente da Comissão de Direitos Humanos da Alerj, deputada Dani Monteiro (PSOL), denunciou a precariedade do local, descrevendo o caos no IML do Rio e a lentidão nos processos de liberação dos corpos. “A liberação dos corpos é morosa. Os corpos já estão fedendo. Não há geladeiras suficientes. Nosso papel é não naturalizar a barbárie. Não foi só uma megaoperação, mas uma chacina. Se há tráfico e organizações criminosas, isso é por ausência do Estado”, afirmou a parlamentar.

Durante a reunião, o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, deputado Reimon (PT), classificou a operação como a “pior chacina da história do Brasil” e criticou a condução do governo estadual. “O governador é um assassino. Direitos Humanos é para todas as pessoas humanas, independentemente de quem seja. O Brasil não tem pena de morte nem execução sumária”, declarou.

Reimon contou ter participado da manifestação de familiares em frente ao IML, na Avenida Francisco Bicalho, onde policiais utilizaram spray de pimenta para dispersar o grupo. O deputado relatou ainda o caso de um menor de 16 anos encontrado decapitado, apontando o episódio como exemplo da brutalidade da ação.

Os partidos PT e PCdoB informaram ter ingressado com uma representação no Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo garantias às famílias, como o direito de ver os corpos, atendimento cartorial nesta sexta-feira (31), mesmo sendo feriado, e uma perícia federal independente.

A deputada federal Benedita da Silva (PT) também criticou a violência da megaoperação. “Não podemos naturalizar a ideia de que quem vive em favela é bandido. Estamos vivendo uma barbárie psicológica e social. Polícia foi feita para prender, não para matar. Precisamos repensar essa política de segurança”, afirmou.

O encontro na Alerj marcou o início de uma série de ações articuladas entre o Legislativo e o Governo Federal para acompanhar as investigações e cobrar respostas sobre as mortes.