Por que somente um dia? Originariamente, o dia foi criado e oficializado em 1918, como símbolo de luta contra as estruturas de poder machistas e por mulheres fortes e destemidas, como Rosa Luxemburgo, Alexandra Kollontai e Clara Zetkin. Desde então, esse dia tornou-se o ponto de partida de reivindicações relevantes para a mulher.
Dentre tais reivindicações, podemos citar o direito de incorporação plena da cidadania feminina, politicamente ativa, dentro da sociedade patriarcal, a qual, no máximo, delegava às mulheres o papel de vítimas, de sexo mais frágil, sendo, portanto, incapazes de exercer sua própria autonomia (como cidadãs de segunda classe).
O século XX foi pródigo em protagonizar tais reivindicações como, por exemplo, a luta por direito ao voto e por direitos reprodutivos. No entanto, apesar das conquistas, resta ainda um longo caminho.
Para além das desigualdades de classes, entre indivíduos e entre países, há outras que dizem respeito à raça e ao gênero. Tomemos o sexismo, no Brasil, como ponto de discussão. O que justifica o fato de que algumas mulheres, tendo à mesma posição e exercendo a mesma função profissional que seus colegas homens, ainda tenham salários menores – em média, 30% a menos?
O que justifica a licença maternidade de quatro a seis meses e a licença paternidade de cinco dias? O que justifica o fato de que um homem, que exerça sua autonomia sexual, seja chamado de garanhão e uma mulher, nas mesmas condições, seja rotulada de puta? O que justifica desigualdades além daquelas que são genéticas ou geográficas ou socioeconômicas?
Ao considerarmos tais questões, percebemos que um dia só não basta.
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Mônica de Freitas, bacharel em Letras, professora de Inglês e mestre em Filosofia (PR2 – 55697).
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