À porta da sala, entre aberta com vidros e madeiras, um pouco distante, vejo uma rica variante de cores verdes… É a mata. Alguém me pergunta: “você escuta todos estes ruídos/sons?” Sim! E tem mais, escuto os detalhes destes sons, ainda mais límpidos, se fechar os olhos, respondi-lhe.
Fechei os olhos e ouvi a vaca mugir, as gotas da chuva sobre a grama, o voo dos pássaros- suas asas batendo-, cantos variados de pássaros buscando aconchego por entre as folhas ainda úmidas, o barulho do motor da geladeira, o grilo anunciando a chegada da noite.
Neste momento, lentamente os olhos se abrem. Já é noite! A vaca já encontrou o seu bando, a chuva está mais fina e quase imperceptível, não há mais pombos ou outras espécie de pássaros sobrevoando- já encontraram seu aconchego. Mas, a geladeira está lá, firme e forte, com seu motor funcionando e meio barulhento. O coaxar do sapo.
Preciso fechar a porta, antes que mosquitos entrem. Ah! Mesmo fechando-a tem um que amo e entram pelas frestas: são os vaga-lumes: lindas estrelas que piscam, vagueando no escuro do quarto, feito brilhos de paetês solitários. Primeiro fecho a parte de madeira. Mas, isto ocorre mais quando esta calor. Pois, a porta de vidro permanecendo aberta, o ar adentra e renova, mais uma vez, o ambiente; já quando é frio, as duas portas são trancadas, dificultando a entrada do vento e dos vaga-lumes. O dia se despede, arrastando sua cauda em gala, de estrelas e nuvens, findando a luz dourada, mas acendendo toda a mata em prata. A vida noturna que acorda, espíritos que não vagam, mas protegem a grande orquestra da noite misteriosa e em sinfonia aberta às estrelas. Dentro de casa, com janelas e portas fechadas, não vejo mais o verde da montanha. Mas, não tem jeito, os sons continuam lá, basta fechar os olhos.