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Ética e Cidadania: A exploração de cobalto e suas consequências danosas

A corrida desenfreada por cobalto no mundo está desencadeando um novo ciclo de dominação e miséria moral e material numa das nações mais pobres do mundo: o Congo. O cobalto é um metal que serve de matéria prima para baterias recarregáveis de lítio de íon para celulares e carros elétricos, permitindo que durem mais. A República Democrática do Congo, atualmente responsável por aproximadamente 60% do suprimento mundial de cobalto, está no foco com mineradoras sob acusações de violação dos direitos humanos com irregularidades como: uso de trabalho infantil, condições de trabalho altamente arriscadas e desumanas, e corrupção na atividade de extração de minas locais. Estas, sua maior parte, são de propriedade da CDM, subsidiaria da multinacional Zhejiang Huayou.

Entre os fatos relatados, figuram as empresas Apple e Tesla, principais compradores, que afirmam obterem seus suprimentos de fornecedores de mercados globais e livres de qualquer tipo de trabalho infantil. Entre a extração artesanal, com fossos cavados muitas vezes com as próprias mãos, e as redes mundiais de fornecimento existe um longo caminho com pouca fiscalização, muita exploração e corrupção locais de um lado, e com fornecedores e distribuidores em conjunto com outras mineradoras limpas de infrações, de outro. Assim, torna-se difícil traçar com precisão o caminho de volta.  À parte de tais fatos, existe outro: uma população, herdeira da fome e da pobreza, decorrentes de uma história de subjugação e colonização europeia, que atualmente passa para novos domínios de exploração.

Diante de tal cenário, fica um certo desconforto frente também ao fato de que nossa abastança material e tecnológica venha com um preço tão alto: não apenas privando as crianças do Congo de uma infância normal e feliz com educação e saúde – muitas não sobrevivem-, mas igualmente sendo conivente, ainda que indiretamente, com tamanho descaso em relação à condição humana. E isso constitui minimamente um fardo moral.

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