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Ética e Cidadania: A violência escolar

Dois episódios aparentemente isolados de violência em escolas marcaram os noticiários de março para cá: o ataque a faca, com morte da professora e quatro feridos, de um aluno de 13 anos em São Paulo e o ataque também a faca de um aluno a colegas em uma escola no Rio de Janeiro, entre outros que ganharam destaque na mídia recentemente O fenômeno de agressão em instituições de ensino não é algo novo. Seu estudo é tema de pesquisas nos Estados Unidos desde 1950. No entanto, os últimos acontecimentos retratam a sua intensificação, apresentando com isso contornos mais sérios do que simples um simples problema disciplinar.

Nas décadas de 1980 e 1990, a violência em sala de aula girava em torno de agressões interpessoais, em especial, entre alunos. Nos últimos anos, no entanto, considerou-se não somente as relações em sala de aula, mas também a influência do entorno escolar, dando particular atenção à ação da criminalidade, com o uso de drogas, à questão da exclusão social e à disfuncionalidade familiar. Junto a isso, alguns estudiosos acreditam que, dada a inevitável relação de hierarquia que se estabelece entre alunos, professores e a escola, haja um resíduo de violência no exercício da autoridade da instituição para com os professores e destes para os alunos, desenvolvendo a partir daí indisciplina, desinteresse, agressões verbais, discriminação, assédio moral, bullying, ameaças e violência física.

De acordo com a Unesco (2002), os estudantes não respondem bem às rotinas impostas por professores, o que resulta, muitas vezes, em ações disciplinares como expulsão de sala de aula, suspensão da escola, entre outras. Isso redunda, por sua vez, em ameaças e intimidação por parte dos alunos, culminando em ataques a propriedades pública e particular com vandalismos e depredação do ambiente escolar e danos a veículos. Tais agressões contribuem não somente para a falta de motivação dos docentes como também para sua baixa produção em sala de aula, comprometendo a qualidade da educação.

Muitos fatores contribuem para a violência contra os professores, mas destacam-se: a pouca segurança nas escolas, a falta de punições administrativas mais austeras e a omissão familiar no processo de formação do aluno. Nas escolas mais abastadas, ocorre também a omissão da própria instituição em favor dos alunos pagantes. É deplorável que tudo isso aconteça com uma classe que constitui a base para formação de todo e qualquer profissional de nossa sociedade.

Em vista disso, a sociedade civil, junto ao professorado, talvez possa tomar algumas providências no intuito de minimizar o prejuízo subjetivo e social causado tanto para professores como para estudantes. Acredito que promover um diálogo, conhecer melhor a história familiar de nossos alunos e ressaltar a responsabilidade de cada parte na sua formação possa ser um começo.

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