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Ética e Cidadania: Entre o dever político e o moral

Na última quarta-feira (4), o Brasil esteve na corda bamba das relações diplomáticas, abstendo-se de votar a favor de uma missão internacional da ONU que investiga violações de direitos humanos contra mulheres e crianças no Irã. Com a morte de Masha Amini de 22 anos, em 2022, após ser detida por não estar usando adequadamente o véu islâmico, protestos de indignação e revolta eclodiram em toda parte do Oriente Médio. Os protestos também marcaram a morte de mais de 500 pessoas em repressões violentas feitas pelo governo teocrático do Irã em que as mulheres valem a metade de um homem.

O fato de o Brasil ter escolhido abster-se vai de encontro a todas as expectativas de compromissos democráticos de apoio às minorias e de combate à desigualdade de gênero. O que aconteceu? Na pauta do governo está o encorajamento de maior engajamento do Irã em políticas internacionais de direitos humanos “em um espírito de cooperação e abertura”. Ora, dir-se-ia que tal medida diplomática atesta mais por interesses de agenda política do que por compromissos éticos. 

Na verdade, foi-se o tempo em que política e ética andavam juntas. Para ser bem precisa, a ruptura histórica ocorreu com a publicação de O Príncipe de Maquiavel. Não acredito que, porque tal fato foi historicamente consumado, devemos subscrever tal ruptura de modo irrevogável. Penso ser, ao invés disso, uma oportunidade de subverter a história e retomar os pressupostos teóricos em que ética e política eram dois lados da mesma moeda. 

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