O médico Celso Barros, ex-patrocinador do Fluminense morto no fim de semana, estava entre as vítimas do grupo criminoso investigado pela Polícia Federal, acusado de desviar R$ 7 milhões do FGTS de pessoas ligadas ao universo do futebol. Celso teve R$ 27 mil transferidos pela quadrilha em 2023. O valor havia sido depositado pela Unimed Rio Cooperativa de Trabalhadores Médicos.
Celso Barros foi presidente da Unimed quando a cooperativa patrocinou o Fluminense, de 1998 a 2014. Ele morreu no último sábado, aos 73 anos, em decorrência de um infarto.
De acordo com as investigações, os saques do FGTS do ex-dirigente foram autorizados por Sérgio Félix da Silva, então funcionário da Caixa Econômica Federal no Quitungo, Zona Norte. Os valores foram transferidos por Sérgio em junho de 2023, quando ele era gerente da agência.
Sérgio Félix foi demitido pelo banco. Segundo as investigações, ele e outras duas funcionárias da Caixa — Silvana da Silva Gomes e Gladys McLaughlin — teriam participação no esquema. Gladys é acusada de envolvimento nas fraudes em parceria com a advogada Joana Prado Costa de Oliveira.
Na quinta-feira (13), a Polícia Federal realizou uma operação no Rio de Janeiro para cumprir mandados de busca e apreensão contra integrantes do grupo investigado. É a 3ª fase da operação Fake Agents. Os alvos foram bancários suspeitos do desvio milionário das contas do FGTS de atletas e ex-atletas. A advogada seria o elo no Rio de uma quadrilha que aplica o mesmo golpe em São Paulo.
Como o RJ2 revelou em agosto deste ano, Joana Prado é acusada de fraudar documentos para receber indevidamente o Fundo de Garantia do ex-treinador Oswaldo de Oliveira e de outros jogadores e ex-jogadores de futebol.
O técnico contratou a advogada para representá-lo em ações trabalhistas contra clubes onde trabalhou. Mas ela teria usado seus documentos indevidamente para realizar os saques do FGTS. No intervalo de um ano, foram dez saques, totalizando quase R$ 600 mil.
O que dizem os citados
Em nota, a Caixa Econômica Federal informou que atua em parceria com a Polícia Federal e demais órgãos de controle, sempre colaborando com investigações para reprimir fraudes financeiras.
“A Caixa reforça que atua em parceria com a Polícia Federal e demais órgãos de controle, colaborando nas investigações e na repressão a fraudes financeiras. Todos os casos identificados são tratados com atenção e rigor, sendo que os valores movimentados indevidamente são restituídos aos clientes. O banco mantém uma equipe técnica altamente qualificada, dedicada à identificação e mitigação de vulnerabilidades, além de promover melhorias contínuas em seus mecanismos de segurança.”
A defesa de Joana Prado de Oliveira afirmou, em nota, que ela “não está sendo investigada pela Polícia Federal neste desdobramento específico, que agora mira bancários suspeitos”.
Segundo a defesa, “desde o início, Joana tem colaborado integralmente com as autoridades, fornecendo documentos e esclarecimentos que demonstram sua boa-fé e sua condição de vítima dos fatos noticiados”.
A nota afirma ainda que foi a própria advogada quem denunciou o suposto esquema à Polícia Federal em 2022, após ter sido procurada pelo empresário paulista Fernando Costa de Almeida, por indicação do advogado Paulo Sérgio Feuz.
A defesa conclui afirmando que confia que as investigações demonstrarão “de forma cabal a verdade”.



