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Executivas contam como é liderar equipes no setor financeiro, predominantemente ocupado por homens

 

Líderes em suas respectivas áreas de atuação na Virgo, fintech de serviços e soluções financeiras para o mercado de capitais, a Head de People, Carla Quaglio Evangelista, a Head de Estruturação, Talita Medeiros Pita Crestana, e Julia Siggia Amorim, Especialista de Relacionamento com Investidores, explicam como fizeram para furar a bolha de gênero e transcender barreiras no mundo dos negócios

Dia 26 de agosto é comemorado o Dia Internacional da Igualdade Feminina, data alusiva à criação, em 1920, da 19ª emenda à constituição dos Estados Unidos, que assegurou o voto feminino e a participação das mulheres nas eleições nacionais. A decisão influenciou outras nações, entre elas o Brasil, que aprovou o direito das mulheres ao voto a partir do Código Eleitoral de 1932. O Dia Internacional da Igualdade Feminina é celebrado em vários países do mundo como forma de representar a luta das mulheres pela igualdade de gênero ao longo da história, mas também demarcar que ainda há muito o que avançar. Apesar de as pautas de diversidade serem excessivamente ventiladas no ambiente corporativo nos últimos anos, a equidade de gênero em cargos de liderança permanece incipiente.

De acordo com o estudo Women in the Boardroom 2022, da Deloitte, apenas 5% dos cargos de alto comando são ocupados por mulheres no mundo, 1,2% no Brasil. Nesse cenário, as profissionais que conseguiram furar a bolha de gênero no mundo dos negócios e transcender as barreiras precisam se adaptar em atuar em um setor predominantemente masculino. Quando falamos do segmento financeiro, o funil se estreita ainda mais. Segundo levantamento do Trademap com 50 empresas do setor listadas na B3, dos 1.043 executivos da alta administração, somente 154 são mulheres, o equivalente a 14,6%. Outra pesquisa, da Teva, aponta participação feminina de 16,3% nos conselhos de empresas do setor financeiro e de 13,2% nas diretorias.

Mas foi justamente no meio financeiro que a executiva Talita Medeiros Pita Crestana, Head de Estruturação da Virgo – fintech de serviços e soluções financeiras para o mercado de capitais – conquistou uma bem sucedida trajetória. Atuando nos mercados financeiro e de capitais desde 2008, atuou na BFRE, desde antes da sua aquisição pelo BTG Pactual. Depois da compra, permaneceu na empresa e pivotou de área, começando a atender as áreas de cessões de créditos, distribuição, mesa de operações, captação e tesouraria do Banco Pan S.A. Em 2016 foi contratada pela Reag Investimentos S.A. como gerente jurídico da securitizadora pertencente ao grupo e, neste ano, foi contratada pela Virgo, já em um cargo de liderança, como Head de Estruturação.

 

Talita conta que enfrentou preconceitos e dificuldades pelo fato de ser uma mulher atuando em ambientes majoritariamente masculinos, mas entende que foi superando os obstáculos, um a um. “As barreiras são transcendidas com constante trabalho, aprendizados, mudanças de condutas, dedicação e autocrítica para continuar evoluindo. A equidade está muito ligada às pessoas perceberem que as atividades profissionais podem ser bem desempenhadas independente do gênero ou de como aquela pessoa se identifica socialmente. Esse é um processo árduo e contínuo, nós mulheres estamos conquistando cada vez mais espaço e devemos auxiliar os demais grupos a viverem numa sociedade mais justa e menos preconceituosa. Vejo que as nossas crianças já estão muito à frente nessa evolução e fico feliz por entender que é um processo social que vem avançando a cada geração”, comenta.
Ambiente do mercado financeiro
Julia Siggia Amorim, Especialista de Relacionamento com Investidores da Virgo, também enfrentou dificuldades com o ambiente excludente do mercado financeiro. “Vivenciei inúmeras situações em que estive em uma situação de alta complexidade e relevância, e precisei me colocar de forma firme e demonstrando experiência, conhecimento no assunto e habilidade na fala. Muitos homens se acham no direito de levantar a voz em algum call ou reunião, e acredito que o fato de ser mulher deixa essa situação mais corriqueira. Nesses momentos, saber se colocar sem gritar de volta é fundamental”, aponta.

Com apenas oito anos de formação, Julia assumiu seu primeiro cargo de liderança, como gerente jurídica da Pentágono S.A Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários. Em 2022, foi convidada a integrar o time da Virgo já como Coordenadora Jurídica, sendo promovida em 2023 para a área de Relacionamento com Investidores.

Para Julia, o apoio de outras mulheres é essencial, e o fato de estar em um ambiente com liderança feminina, como acontece hoje na empresa em que atua, é classificado por ela como ‘inspirador e motivador’. “O mundo ideal é aquele que o profissional é visto pelo seu trabalho e entregas, independentemente do seu gênero, e que todos possam enxergar as mulheres no mercado sem inferioridades. Eu diria para as mulheres que estão iniciando a carreira que não deixem que o fator de gênero diminua seu brilho ou te cale. Demonstre maturidade emocional e qualidade no seu trabalho, e persista seus sonhos”, conclui.

 

Empoderamento feminino e autoconhecimento

Sobre as questões das lideranças femininas, a Head de Estruturação da Virgo, Talita Crestana, complementa. “Apesar das dificuldades, enxergo o empoderamento feminino e a possibilidade de chegar a cargos de liderança como possibilidades palpáveis para qualquer mulher que se empenhe na missão de construção de um projeto pessoal e profissional agregador, para si e para o mercado contratante”, diz.

 

C-level na Virgo, a Head de People, Carla Quaglio Evangelista é responsável pelo ecossistema de RH da companhia e explica que a fintech preza pelo acolhimento e valorização das colaboradoras mulheres. A empresa tem implementado políticas específicas, como licença maternidade estendida e treinamentos focados nos times femininos, como por exemplo, a aderência da fintech ao movimento global #IAmRemarkable, encampando pelo Google.

 

Em abril, aconteceu uma palestra para as colaboradoras da Virgo dentro do cronograma da iniciativa, que objetiva capacitar e empoderar mulheres e grupos sub-representados a celebrar suas conquistas no local de trabalho e fora dele. Desde janeiro deste ano, quando foi lançado pelo Google globalmente, o #IAmRemarkable já impactou meio milhão de mulheres e integrantes de minorias qualitativas em 178 países. A Virgo também custeou os ingressos do Mãe Summit para as colaboradoras mães da companhia, em maio. No evento, foram trazidas pautas relacionadas à maternidade e carreira. As lideranças femininas da fintech também criaram um grupo chamado Virgolinas, que realiza encontros sazonais para trocar ideias e debater as demandas femininas trazidas pelas colaboradoras.

 

Para a Head de People da Virgo, é justamente o autoconhecimento um fator fundamental de desenvolvimento neste processo tão importante: de transposição da bolha de gênero no mundo dos negócios. “Se conhecer é a ferramenta mais poderosa para progredir na carreira. Entender e enxergar seus gaps e ter segurança no que você faz de melhor nos auxilia muito nesses desafios relacionados a questões de gênero. Uma vez que você sabe que tem uma skill muito específica em relação à comunicação, por exemplo, é raro alguém conseguir te fazer repensar ou gerar uma insegurança em relação a isso”, comenta.

Para Carla, mulheres são mais abertas a revisitar os pontos de desenvolvimento, mas isso não é necessariamente um ponto negativo. “Isso acontece, muitas vezes, por conta das experiências anteriores que passamos. Eu sou uma pessoa que tenho um perfil que, dificilmente vou ficar reforçando meus pontos positivos de forma pró-ativa, mas sempre que vou para uma reunião majoritariamente formada por homens, tenho em mente a segurança das minhas entregas. A certeza sobre as nossas fortalezas é o que nos legitima a galgar novos caminhos e evoluir na carreira”, indica.
A Head de People da Virgo conclui trazendo luz às referências que passaram por sua vida. “Durante minha trajetória executiva, tive gestoras mulheres muito inspiradoras, que foram verdadeiras mentoras da minha carreira, e isso fez com que eu me desenvolvesse sob diversos aspectos, então enxergo a sororidade como fator fundamental no processo de empoderamento feminino para enfrentar as barreiras que ainda possam existir”, finaliza.

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