Como as empresas podem combater a ausência dos colaboradores e evitar prejuízos?
As ausências frequentes no ambiente corporativo têm se tornado uma preocupação crescente para o setor produtivo brasileiro. Segundo dados do Ministério da Previdência Social, milhões de benefícios por incapacidade temporária foram concedidos em 2024, em sua maioria relacionados a problemas de saúde física e mental. Essa realidade evidencia a necessidade de olhar com mais atenção para a saúde do trabalhador, especialmente diante de um cenário em que o adoecimento se mostra cada vez mais multifatorial, envolvendo desde ergonomia até esgotamento emocional.
Para Amanda Almeida, Enfermeira, Gerontóloga e Gerente de Gestão de Saúde da Géia Consultoria e Corretora de Seguros, isso está diretamente ligado à forma como as empresas lidam com a saúde dos seus colaboradores. “As questões ergonômicas e de saúde mental estão muito relacionadas ao presenteísmo, que acontece quando o trabalhador está fisicamente presente no trabalho, mas não consegue ser produtivo ou desempenhar adequadamente o seu trabalho, o que também incorre em prejuízos financeiros à empresa relacionado à erros, retrabalho, etc. O IBEF-SP estima que o custo anual do presenteísmo para as empresas brasileiras pode superar R$ 200 bilhões, considerando a queda de desempenho, os erros operacionais e o impacto negativo no clima organizacional. Já o absenteísmo afeta diretamente o desempenho financeiro das empresas, pois estas não podem contar com a força de trabalho contratada, arcando com os custos envolvidos na contratação e com o trabalho não desenvolvido”, explica.
Além das faltas, a ausência de programas estruturados de saúde e bem-estar contribui para o aumento de licenças, pedidos de demissão e adoecimento emocional. “Tais programas também podem fazer a gestão dos atestados e afastamentos médicos, com o devido direcionamento a um cuidado regular, não apenas pontual e apoiando o trabalhador a prevenir outros problemas de saúde ou novos afastamentos. Empresas com trabalhadores saudáveis e bem cuidados possuem melhor clima organizacional, que está diretamente ligado à retenção de talentos e produtividade. A ausência de tais programas dificulta que a empresa realize a adequada gestão de saúde dos trabalhadores, além do impacto negativo no clima organizacional”, analisa Almeida.
Frente a esse cenário, ações preventivas ganham protagonismo na gestão de pessoas. “As empresas podem investir em programas que apoiem a prática de exercícios físicos, que são grandes aliados do cuidado com a saúde de uma forma geral. Atividades físicas regulares comprovadamente previnem complicações osteomusculares e são grandes protetoras da saúde mental. Também devem estar presentes os cuidados com a ergonomia, com ginástica laboral e adequação dos espaços de trabalho para evitar lesões e problemas de saúde osteomusculares. As empresas também devem estar atentas à segurança psicológica, investir no treinamento e desenvolvimento de suas equipes, para que atuem de forma a criar um ambiente produtivo, em que os trabalhadores se sintam à vontade para compartilhar ideias e sugestões e com autonomia para desempenharem as suas funções”, orienta Amanda.
Ignorar o cuidado com a saúde dos colaboradores compromete não apenas a produtividade, mas também a imagem e a retenção de talentos. “Atualmente, além de salários e benefícios competitivos, as empresas que mais retém talentos no Brasil possuem um ambiente de trabalho positivo, com oportunidades de desenvolvimento e crescimento, que valorizam a contribuição de todos os trabalhadores e cuidam de sua saúde e qualidade de vida. A empresa que não possui estrutura para este tipo de cuidado, acaba perdendo a oportunidade de manter bons talentos profissionais e acabam produzindo uma cultura organizacional de baixa produtividade e engajamento”, finaliza a Gestora da Géia.
No mundo corporativo atual, cuidar de quem cuida do negócio é mais do que responsabilidade: é inteligência estratégica. Empresas que investem em bem-estar colhem resultados em engajamento, inovação e sustentabilidade.