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George Floyd: EUA e o mundo se levantam contra o racismo

Da Redação

George Floyd, um cidadão estaduniense completamente anônimo até o final de maio, um homem negro de 46 anos, empregos instáveis e um passado que combinava prisão e pequenas glórias esportivas, foi enterrado no dia 9 de junho em Houston (Texas) depois de um funeral transmitido ao vivo por veículos de comunicação de todo o mundo.

Sua morte, em 25 de maio, em uma brutal prisão gravada em vídeo, provocou uma onda de protestos contra o racismo que atravessou fronteiras e desencadeou reformas policiais imediatas em vários Estados do país, bem como a derrubada de monumentos associados a abusos em países como o Reino Unido e a Bélgica. Floyd se tornou um ícone súbito de um mundo instável, atacado pela brutal crise do coronavírus.

Mais de seis mil homens e mulheres de todas as idades prestaram homenagem a George Floyd às vésperas do seu funeral, quando a câmara-ardente foi instalada na cidade texana onde passou a maior parte da vida. Esta se apagou há duas semanas e um dia em Minneapolis, a maior cidade da nortista Minnesota, quando foi detido em frente a uma loja como suspeito de ter tentado pagar com uma nota falsa de 20 dólares.

As câmeras de segurança da área e dos telefones dos pedestres registraram como quatro policiais o algemaram e o imobilizaram no chão. Um deles, Derek Chauvin, pressionou o joelho contra o chão enquanto Floyd clamava que não conseguia respirar. A agonia durou oito minutos e 46 segundos. Ele disse que o pescoço doía, o estômago doía, tudo doía. Que iriam matá-lo. Floyd, que deixa uma filha de seis anos, foi levado ao cemitério em um caixão dourado. O famoso ex-boxeador Floyd Mayweather custeou todas as despesas.

Brutalidade policial

Manifestação em Denver, Colorado (EUA)

George Floyd cresceu em Houston, embora tenha nascido na Carolina do Norte. Na adolescência, durante os anos noventa, revelou-se bom em futebol americano e basquete e até conseguiu uma bolsa de estudos por seu rendimento neste último esporte, mas depois entrou em uma espiral de prisões e passou quatro anos detido. Tentou começar uma nova vida em Minnesota, onde trabalhava como guarda noturno havia alguns anos até que a pandemia o deixou desempregado.

A morte deste homem até então anônimo provocou a maior onda de protestos nos EUA desde o assassinato de Martin Luther King em 1968. O policial Chauvin foi acusado de assassinato e os três outros policiais também enfrentam acusações. Mas, independentemente do que acontecer nesse julgamento, o caso Floyd já mudou algumas coisas.

Durante o fim de semana que antecedeu o sepultamento, autoridades de cidades como Los Angeles e Nova York anunciaram novas normas para suas forças policiais e um polêmico corte de recursos para reduzir seu poder e desviar recursos para outras agências. Em Minneapolis, a corporação municipal aprovou o “desmantelamento” de sua força policial para “reconstruí-la em um novo modelo de segurança”.

As implicações políticas de todo esse acontecimento, a apenas cinco meses da eleição presidencial nos Estados Unidos, também eram palpáveis no funeral de Floyd. O presidente Donald Trump condenou o que aconteceu, mas foi muito cuidadoso em reconhecer o racismo estrutural que levou a uma morte como esta e tampouco defendeu a necessidade de reformas para evitar abusos policiais. Coube ao seu adversário nas urnas em novembro, o ex-vice-presidente democrata Joe Biden, ocupar o espaço da denúncia social. “A América pode fazer melhor. Não há outra opção senão fazer melhor. Agora é o momento da justiça racial”, disse Biden. (com informações de agências de notícias)

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