O cão anda ao meu lado movimentando as quatro patas, de vez em quando soergue a cabeça e olha em minha direção procurando meus olhos e meus olhos esbanjam reciprocidade.
Mas o quê ele está meditando ali embaixo?
Será que esse humano não percebe que estou precisando comer urgentemente um filezinho?
Quando chegarmos em casa ele vai me dar um banho daqueles demorados com direito a shampoo perfumado e condicionador?
Ou então o animalzinho devaneia filosoficamente?
Será que esse humano é realmente meu amigo do peito?
Oxalá ele não viaje novamente e me deixe abandonado!
Poxa vida será que tenho que explicar tudo tintim por tintim?
De repente uma ameaça vinda do outro lado da calçada. O cão de língua roxa se aproxima perigosamente e o meu peludo se enrosca entre as minhas pernas, apavorado. Atenção agora vamos correr e correr e correr e tchibum
Entramos quase sem respiração na velha casa ajardinada.
Chico imediatamente se deita e coloca o queixo sobre o lajeado vermelho e frio e me fita uma vez mais meio querendo dizer: meu humano que divertido tudo isso!