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Lia de Itamaracá: a mestra da ciranda que embala o Brasil com sua voz e presença inesquecíveis

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Patrimônio Vivo de Pernambuco, artista popular preserva e reinventa a cultura com força, poesia e ancestralidadeLia de Itamaracá é muito mais do que uma cantora ou compositora: ela é símbolo de resistência, guardiã de tradições e, acima de tudo, a grande mestra da ciranda brasileira. Nascida Maria Madalena Correia do Nascimento, em 1944, na Ilha de Itamaracá (PE), Lia conquistou o Brasil — e o mundo — com sua voz forte, seu gingado envolvente e a cadência hipnótica das rodas que ela conduz. Sua trajetória é um testemunho vivo da força da cultura popular nordestina e da importância de manter vivas as raízes afro-brasileiras.De ilha em ilha: a construção de uma estrela popularAinda jovem, Lia já encantava com sua voz, mas sua carreira artística só ganhou visibilidade nos anos 1960, quando o pesquisador e folclorista Teca Calazans a gravou pela primeira vez. Mesmo assim, durante muitos anos, ela conciliou a vida artística com o trabalho como merendeira escolar. Foi apenas na maturidade que seu talento passou a ser reconhecido em maior escala. Hoje, Lia de Itamaracá é celebrada como uma das maiores representantes da cultura popular do país.Sua ciranda, com letras poéticas, chamadas ao amor, à alegria e à coletividade, ganhou o Brasil e cruzou fronteiras. Lia já se apresentou em importantes palcos internacionais e festivais de música e cultura, sempre com seus trajes coloridos, sua coroa simbólica e o sorriso largo de quem representa muito mais que a arte: representa um povo.Patrimônio vivo de Pernambuco e símbolo de resistênciaEm 2005, Lia de Itamaracá foi oficialmente reconhecida como Patrimônio Vivo de Pernambuco, um título concedido pelo Governo do Estado a mestres e mestras que mantêm tradições populares. Este reconhecimento não apenas consagra sua contribuição artística, como também reforça seu papel como educadora cultural, uma mulher que ensina e inspira novas gerações a dançar a ciranda da vida com orgulho e pertencimento.Mais do que cantar, Lia ensina a importância da coletividade, do respeito às ancestralidades e do orgulho em ser nordestino. Sua ciranda não é só dança: é resistência, espiritualidade e poesia em movimento.Presença marcante, legado eternoA presença de Lia de Itamaracá é inconfundível. Seja pela voz grave que ressoa no coração dos que ouvem, seja pela altivez com que entra nos palcos e nas rodas, ela carrega uma aura de realeza popular. Uma rainha do povo, que reina com simplicidade, firmeza e sabedoria.Aos mais de 80 anos, Lia segue ativa, lançando novos trabalhos, realizando shows e multiplicando a ciranda por onde passa. Seu mais recente disco, “Ciranda Sem Fim”, é um exemplo de como tradição e inovação podem caminhar juntas. E seu nome ecoa cada vez mais como inspiração para artistas, mulheres negras, educadores e defensores da cultura popular.Uma mulher, uma ilha, um Brasil inteiroLia de Itamaracá é filha da ilha, mas seu canto abraça o Brasil inteiro. Ela transforma sua história em canto e dança, em roda e afeto. Uma mulher que virou símbolo, uma artista que virou ponte entre passado e futuro. Mestra da ciranda, Lia não apenas faz cultura: ela é a própria cultura — viva, vibrante e eterna.

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