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Manhas e Artimanhas

O patriarcado, constituído com a transformação da sociedade do escambo em mercantil, sempre buscou continuamente, colocar as mulheres sob sua égide e, seu “manus “, procurando exclui-las, dos fóruns de decisão.

Com este mesmo objetivo, instituiu a monogamia, para evitar a adulteração da prole e, assim, assegurar a origem da paternidade, biologicamente inconteste e, a hereditariedade de bens, no seio da família.

Entretanto, as mulheres, mediante  ardis, sempre encontraram maneiras de burlar as normas, que lhes colocavam na exclusão social, subjugada aos caprichos varonis.

Ainda hoje, o fio de Ariadne é citado, tanto no âmbito da filosofia, da ciência, quanto da mitologia e, mesmo, da espiritualidade, como exemplo da sagacidade feminina, vinculada ao episódio do labirinto de Creta, de onde com sua inusitada manha, salvou seu amado Teseu, da voracidade do minotauro, ao entregar-lhe um novelo de lã, para que este, o utilizasse na demarcação da rota de fuga, daquele túnel da morte.

Ariadne, esta definitivamente vinculada, a imagem da pessoa que tece teias, a mulher, que guia o homem em sua jornada, concorrendo para seu êxito nos labirintos da vida, conduzindo-o a luz da vitória.

Neste mesmo contexto, encontramos Sharazade, que ao tornar-se rainha da Pérsia, após desposar o rei, utilizou-se de artifícios para criar fatos, com seus contos, entre eles Ali babá, Aladim, Simba, salvando-se de um destino cruel, e libertando as mulheres do reino, dos caprichos e, tirania daquele soberano, o qual para vingar-se de um adultério sofrido, passou a executar suas posteriores  esposas, após a consumação do casamento.

Sharazade, arquitetou um relato, utilizando o método de narrativas de moldura, na qual mantinha uma estória introdutória para enfatizar uma outra, que ia encaixando sucessivamente, sem concluir nenhuma.

Para tanto, buscou inserir sua irmã Dinazade, no quarto nupcial, para ouvi-las, pretextando ser seu último desejo, antes do cumprimento de sua sentença de morte,  atraindo a curiosidade do rei, que  adormecia ouvindo suas fábulas, sem nunca saber o final. Ao despertar, solicitava que concluísse.

Esta artimanha, perdurou por 1001 noites, findas as quais, o rei liberto de suas amarguras e, apaixonado, acabou por poupar sua vida e, viveram felizes para sempre.

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