As mães narcisistas agem sempre da mesma forma: olham somente para as próprias necessidades, fazendo com que tudo se torne sobre elas.
Eunice Porto é uma palestrante e terapeuta graduada em psicologia, que entre muitos estudos, analisa a relação de mães e filhos do ponto de vista do narcisismo. Eunice destaca o amor de mãe para filho e como todas são bem parecidas no modo como se vangloriam pela criação desse bebê e ainda, protegem, cuidam e se orgulham de seus feitos. Além de acompanharem todos os processos e conquistas, com muita alegria e satisfação. Mas a profissional também deixa uma provocação: será mesmo que são todas iguais?
Segundo Eunice Porto, não, pois existem genitoras que agem de forma bem diferente do que se espera de uma mãe e essas são conhecidas como narcisistas. Esse nome vem do mito grego de Narciso, que se apaixona pela própria imagem espelhada e se afoga no rio em busca de si mesmo.
As mães narcisistas agem sempre da mesma forma: olham somente para as próprias necessidades, fazendo com que tudo se mova ao redor delas, para permanecer sendo o centro das atenções.. Por se colocarem no lugar de corretas o tempo todo, estão sempre na busca de serem melhores que os filhos em tudo. Ainda de acordo com a análise de Eunice, exigem reconhecimento e admiração constante, e sempre que julgar necessário, de forma abusiva, destroem a auto estima de seus filhos, a fim de colocá-los em posição de insignificância. Isso faz com que muitas vezes os filhos se sintam perdidos diante desse “modelo de amar”, pois foge totalmente da imagem socialmente aceita do arquétipo de mãe.
Seguindo essa linha de pensamento, torna-se comum que ao perceber que sua mãe é extremamente exigente, a criança procure fazer tudo da melhor maneira possível, porém, para a mãe narcisista, nunca será o suficiente, pois essa genitora sempre terá algo para reclamar ou cobrar. Fazendo com que a criança nunca se sinta boa o suficiente diante dela.
Eunice Porto falou um pouco mais sobre esse relacionamento que prejudica diretamente o desenvolvimento intelectual de crianças que crescem nessas condições.
“Com essa sensação, a criança cresce entendendo receber um cuidado “normal”, justificado por “minha mãe é assim mesmo,” e para diminuir a dor e frustração, vive buscando formas de agradar a mãe, assim, essa criança passa a vida inteira se sentindo inadequada, em meio a uma relação abusiva, confundindo abuso com amor. Consequentemente, aprende a dizer sim para o mundo, assim como fez com a mãe. Até que toma consciência de que não é sua existência que está errada e sim a forma de ser tratada, mas isso pode nunca chegar ou somente ter nome e sobrenome na fase adulta, quando a auto estima estiver tão deteriorada que não há mais como recompor” explicou a psicóloga.
Eunice explica, ainda, que a mãe narcisista faz questão de comparar os filhos, primos ou pessoas próximas, sem a intenção de fazer o outro crescer, mas sim para mostrar o quanto o filho nunca será bom, pois sempre terá um modelo de perfeição a ser seguido. Ao mesmo tempo, ela escolhe um filho como sendo o preferido e a esse filho, todas as concessões são dadas, fazendo com que o distanciamento entre os irmãos comece a ficar grande.
A mãe narcisista faz questão de mostrar ao mundo como é boa e se sacrifica pelos filhos e, para que não haja dúvidas disso, faz questão de mostrar e exagerar tudo que faz com supremo sacrifício para suas crianças. Ao mesmo tempo em que denigre a imagem dele para os ouvintes apontando suas falhas e criando outras, na intenção de deixar claro o quanto ela é uma mãe boa e ele um filho mau.
Quando as crianças crescem, ela faz questão de aprovar seus relacionamentos afetivos e quando alguma sugestão não é aceita, ela prejudica a vida amorosa do filho até que a separação se torne a única decisão possível. Em contrapartida, quando a nora ou genro são aprovados por ela, os trata como filho, denegrindo a imagem do próprio descendente, fazendo com que as pessoas entendam que estar com o filho não é um bom negócio. Ou seja, ele nunca será tão bom quanto ela é.
A genitora, que é narcisista, está sempre pronta para atrapalhar a vida dos filhos, através de exigências, como a de estarem presentes a todo tempo, se vitimizando e chorando quando não recebe a atenção suficiente de acordo com seu critério de certo ou errado. Ela se vinga do comportamento inadequado do filho, promovendo um distanciamento, sendo grosseira e jogando na cara coisas feitas anos atrás, deixando o filho se sentir culpado e ao mesmo tempo com raiva.
Eunice conclui como é viver com uma pessoa narcisista e o resultado que isso causa na trajetória de um indivíduo.
“Conviver com uma pessoa narcisista é ter a certeza de que tudo dela é melhor sempre, sem poder contestar em momento algum. O melhor caminho é dizer sim a ela o tempo todo, pois isso evita conflito, ao mesmo tempo, traz aos filhos dignidade de dar respostas diferentes das que já foram dadas, não se desgastando com a vitimização nem com a culpa. Nesse contexto, as crianças se transformam em adultos com medo de viver e serem diferentes do modelo preestabelecido para ser aceito pela mãe. Se torna um peso muito grande conviver com essa mulher abusiva e, por isso, é muito comum os filhos já cansados e aborrecidos pelas investidas negativas, aprenderem a conviver com elas somente a nível social e não mais na intimidade. Não compartilham mais conquistas ou qualquer outra bênção, evitando assim a comparação, cobrança, inveja ou negatividade. Para lidar com uma mãe narcisista só há uma solução: o Autoconhecimento”, finaliza a profissional.