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Mortes por calor extremo podem aumentar cinco vezes até 2050, diz estudo

Se a temperatura mundial aumentar em média 2°C, as mortes podem subir até 370%

O número de mortes causadas pelo calor intenso pode aumentar cinco vezes mais até o ano de 2050, é o que prevê o relatório Lancet Countdown, divulgado na última quarta-feira (15).  O estudo ainda acrescenta que o uso crescente de combustíveis fósseis no mundo ameaça à saúde humana. As mudanças climáticas também exercerão influência na insegurança alimentar que pode atingir cerca de 520 milhões de pessoas entre 2041 e 2060, segundo projeções destacadas no documento.

“A saúde da humanidade está em grave perigo”, afirmam os autores da pesquisa de referência. O estudo foi elaborado em conjunto por 114 cientistas de 52 centros de pesquisa e agências das Nações Unidas de todo o mundo, e é publicada anualmente pela revista científica The Lancet.

O relatório Lancet Countdown constatou que há poucos indícios de avanços quanto ao controle do aquecimento global desde o ano anterior. Além disso, aponta a “omissão” por parte de governos, grandes corporações e instituições financeiras que persistem em investir em combustíveis fósseis, mesmo cientes de que as consequências das mudanças climáticas podem resultar em perdas de vidas.

Em 2022, indivíduos em todo o planeta foram expostas a uma média de 86 dias de temperaturas potencialmente fatais, de acordo com o estudo. Foi registrado inclusive que o número de pessoas com mais de 65 anos que morreram devido ao calor aumentou 85% entre 1991-2000 e 2013-2022.

Segundo as estimativas, 2023 será o ano mais quente registrado na história da humanidade. Os efeitos já estão sendo sentidos em alguns pontos do globo terrestre. No Rio de Janeiro, o Alerta Rio registrou no sábado (18) a sensação térmica de 59,7 °C em Guaratiba, na zona oeste da cidade. É a terceira vez na semana que a região alcança recorde, sendo a maior já registrada na cidade desde o início do monitoramento pelo Alerta Rio, em 2014.

Em julho deste ano, a Europa também foi atingida pelas ondas de calor. Partes da Espanha, Croácia, França, Grécia e Itália enfrentaram calor intenso, com temperaturas chegando acima de 40 °C.

“Os efeitos observados atualmente podem ser apenas um sintoma precoce de um futuro muito perigoso”, alertou Marina Romanello, diretora-executiva do estudo publicado na The Lancet.

Como consequência, as doenças infecciosas transmitidas por mosquitos se intensificarão e continuarão a se espalhar. A transmissão da dengue aumentaria 36% em um cenário de aquecimento de 2°C, segundo aponta o Lancet Countdown.

O relatório afirma que os compromissos nacionais propostos para enfrentar a crise climática reduziriam as emissões de poluentes globais em 2% até 2030 em comparação com os níveis de 2019. Entretanto, não ainda suficientes para limitar o aquecimento a 1,5 °C acima dos níveis pré-industriais. Para os cientistas, com o objetivo de reverter uma futura e comum intensificação dos desastres ambientais, bem como ondas de calor extremas ou inundações, seria necessária uma redução de 43%.

Por Gabriel Cézar

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