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MPF pede apuração de caso de jornalistas agredidos por bolsonaristas em Brasília

Jornalista agredido por um grupo de manifestantes em ato pró-ditadura militar

O procurador-geral da República, Augusto Aras, oficiou o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MP/DFT), nesta segunda-feira (4), para pedir uma investigação sobre o caso dos jornalistas agredidos por manifestantes bolsonaristas no domingo (3), na capital federal. O ataque ocorreu durante mais um ato pró-ditadura realizado por seguidores do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que também participou do protesto.

O documento assinado por Aras é endereçado à procuradora-geral de Justiça do MP/DFT, Fabiana Costa Oliveira Barreto, chefe da instituição. “Tais eventos, no entender deste procurador-geral da República, são dotados de elevada gravidade, considerada a dimensão constitucional da liberdade de imprensa, elemento integrante do núcleo fundamental do Estado Democrático de Direito”, afirma Aras no ofício, ressaltando também que a agressão ocorreu na data em que se comemora o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa.

Durante a cobertura do protesto, pelo menos dois repórteres e dois fotógrafos foram violentados por manifestantes. Segundo o Sindicato dos Jornalistas do Distrito Federal (SJPDF), que acompanha o caso, os relatos que chegaram à entidade dão conta de que as agressões incluíram socos, empurrões e pontapés, além de xingamentos.

Durante a confusão, o fotógrafo Dida Sampaio, do jornal O Estado de São Paulo, por exemplo, foi derrubado de uma escada enquanto fotografava o presidente. Ele levou socos e chutes no estômago e precisou ser socorrido para o hospital. Ao tentar ajudar o amigo, o fotógrafo Orlando Brito, de 70 anos, foi empurrado e teve os óculos quebrados. Integrantes de equipes de apoio também foram agredidos e os profissionais precisaram ser retirados do local por agentes da Polícia Militar (PM).

Augusto Aras, procurador-geral da República

O caso gerou uma série de críticas e manifestações oficiais por parte de autoridades do Judiciário, do Congresso Nacional e da sociedade civil organizada. Após as intensas provocações, a Polícia Civil do Distrito Federal anunciou, nesta segunda (4), que vai investigar o caso.

A presidenta da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), Maria José Braga (Zequinha), sublinha que a entidade e os sindicatos que reúnem membros da categoria defendem que esse e os demais casos de agressão a profissionais de imprensa sejam denunciados em duas vias, a do repúdio público e a da formalidade, por meio da cobrança de investigações junto aos órgãos competentes em cada situação.

“Isso é muitíssimo importante pro fim da impunidade, e a impunidade, como sempre lembra também em suas campanhas a Federação Internacional dos Jornalistas, é o combustível da violência”, disse Zequinha.

Bolsonaro

Durante o protesto de domingo (3), ao ser avisado por um assessor que uma equipe da TV Globo estava sendo expulsa do local, o presidente Jair Bolsonaro minimizou o fato. “Também condenamos a violência. Contudo, não vi tal ato, pois estava nos limites do Palácio do Planalto e apenas assisti a alegria de um povo que, espontaneamente, defendia um governo eleito, a democracia e a liberdade”, disse o mandatário.

Depois, durante conversa com seguidores na porta do Palácio da Alvorada, o presidente se referiu ao ato como “uma manifestação espontânea da democracia” e disse que os ataques seriam de “algum maluco” que, segundo ele, “deve ser punido”.

Desde sua atuação como parlamentar na Câmara dos Deputados, onde teve mandato durante quase 30 anos, Bolsonaro é associado a manifestações de ataques a jornalistas e à liberdade de imprensa. Segundo levantamento da Fenaj divulgado no domingo (3), somente nos quatro primeiros meses deste ano o presidente proferiu 179 agressões do tipo. Foram 28 ocorrências de agressões diretas a jornalistas, duas direcionadas à federação e 149 tentativas de descredibilização da imprensa.

Com informações do Brasil de Fato / Fotos: Reproduções

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