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No Centro do Rio, bancas que tocam música

Por Sandro Barros

Houve uma época em que você ia a uma banca de jornal para comprá-lo, além de revistas, gibis, figurinhas de álbuns e afins. Com o passar do tempo, isso mudou e, em muitas bancas, é até mesmo difícil encontrar um impresso à venda. Agora encontramos novos produtos à disposição, que vão desde recarga e capa de celular a brinquedos, biscoitos, cigarros até cerveja. Nessa realidade atual, duas bancas no Centro do Rio de Janeiro são especiais. E sabe por quê? Porque tocam música!

As bancas ficam nas esquinas da Rua são José com Quitanda e Rodrigo Silva com Rua da Assembleia. Com suas caixas de som voltadas para a calçada, é passar por elas para ouvir MPB, rock, música cubana, com direito a ‘flashback’ e muito mais que cada uma oferece em seu vasto cardápio musical. Tem para todos os gostos, de todas as épocas e da melhor qualidade sonora.

O proprietário de ambas é o chileno Eduardo Parada, que nos contou como tudo começou. “Em meados dos anos 90, eu e meu sócio na época, Valter, tínhamos uma banca no Largo da Carioca [Centro]. Quando começaram a chegar coleções de CDs de músicas antigas, tivemos a ideia de botar esse material para tocar, pensando que assim ajudaria as vendas. O fato é que isso chamou muita atenção, pois as pessoas estavam acostumadas a comprar CDs em lojas. Funcionou tanto que depois decidimos botar também DVDs musicais, exibidos em aparelho de televisão e ligado em uma caixa de som. Foi um sucesso e enormes filas se formavam. Ninguém fazia isso antes, então fomos os percussores desse movimento, como poderíamos chamar”, relembra Eduardo.

‘É muito gratificante trabalhar com música’

Há uns quinze anos Eduardo saiu do Largo da Carioca e abriu a sua própria banca, na São José, e não tardou para adquirir a segunda, na Rodrigo Silva. O diferencial que ele trazia da antiga banca foi importante para a sobrevivência do negócio, pois com o passar dos anos foi diminuindo drasticamente o número de pessoas que compram jornais e revistas na versão impressa – a maioria prefere-os por assinatura, inclusive a digital. Eduardo foi com tudo para as vendas de CDs e DVDs , algo que ele já entendia muito bem, oferecendo também longas-metragens. Em pouco tempo tornou-se uma referência para um vasto número de clientes, a maioria deles de colecionadores, oferecendo títulos raros ou mesmo que não existem no mercado, inclusive por encomenda.

“Dessa clientela fiz grandes amigos, muitos parceiros. Muitos voltam para dar um alô, um abraço, bater um papo. E nesse convívio eu também vou aprendendo, pois cada um traz informações, me ajudando no dia a dia do trabalho, e eu vou repassando-as. Isso cativa também. É muito gratificante trabalhar com música”, comenta Eduardo.

Perguntado se tem outro projeto para o futuro do negócio, Eduardo diz que isso não é possível devido à difícil situação econômica do país. “Você pode ter ideias, mas que infelizmente não vão pra frente por causa das incertezas atuais quanto ao sucesso comercial. As bancas já viveram situações bem melhores, mas mesmo assim estamos com as portas abertas, principalmente por causa da nossa fiel clientela”. Fiel e de excelente bom gosto, diga-se de passagem!

Fotos: Diário do Rio

 

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