Sabemos que a insegurança alimentar é um problema global que afeta milhões de pessoas em todo o mundo, não se limitando apenas à falta de acesso físico aos alimentos, mas também questões como a disponibilidade, acessibilidade, qualidade e utilização dos alimentos de forma adequada.

Várias são as causas desta insegurança: pobreza, desigualdade, conflitos armados, alterações climáticas, degradação ambiental, falta de infraestrutura, sistemas alimentares insustentáveis e políticas inadequadas. Esses fatores podem levar à escassez de alimentos, preços elevados, fome, má nutrição e declínio cognitivo, por exemplo. 

Pesquisa publicada no jornal médico eletrônico Jama Network Open, aponta que a insegurança alimentar entre os idosos está associada a piora na memória e no aumento do risco de desenvolver algum tipo de demência dentre eles, o Alzheimer.

Pesquisadores da Universidade da Califórnia analisaram 7.012 idosos americanos com idade média de 67 anos, sendo 59% mulheres. Foi analisado também o estado de insegurança alimentar. A pesquisa foi realizada entre 2014 e 2018.

Cerca de 10% dos entrevistados apresentavam baixa insegurança alimentar e 8% segurança alimentar muito baixa. 

De acordo com a pesquisa, as chances de demência foram 38% maiores em adultos com baixa segurança alimentar e 37% maior na população com segurança alimentar muito baixa se comparado com aqueles adultos que tinham segurança alimentar. Em comparação com os idosos com segurança alimentar, aqueles que tinham baixa insegurança alimentar tinham quase 2x mais chances de desenvolver algum quadro de demência. 

Já no campo cognitivo, os entrevistados que apresentavam insegurança alimentar baixa e muito baixa em comparação com os que tinham segurança alimentar, apresentaram os piores níveis de memória aos 70 anos. 

O estudo é importante porque reforça a conexão entre alimentos e saúde mental, destacando a necessidade de uma política pública mais eficaz que crie soluções no combate à insegurança alimentar.