A “Teoria da Internet Morta” ganhou notoriedade em 2021 após a publicação de um texto anônimo no fórum Agora Road’s Macintosh Café. Assinado pelo usuário IlluminatiPirate, o post alegava que a internet teria “morrido” em 2016, tornando-se um espaço dominado por algoritmos e conteúdo artificial gerado por bots. Embora conspiratória em sua origem, a teoria ressoou porque traduz um incômodo crescente: a sensação de que a internet se tornou repetitiva, previsível e desprovida de autenticidade.
Relatórios como o Bad Bot Report 2025, da Imperva, indicam que bots já representam 51% do tráfego web, sendo 37% deles maliciosos. Paralelamente, estudos como o publicado no arXiv por Prathamesh Muzumdar e colegas mostram como IA generativa e algoritmos de engajamento têm moldado o ecossistema digital, priorizando métricas de atenção e lucro em detrimento da diversidade e da interação genuína.
Apesar disso, analistas ressaltam que as principais conexões humanas ainda persistem, sobretudo em comunidades, fóruns e canais que resistem à automação plena. O chamado “efeito de internet morta” está mais ligado à homogeneização promovida por algoritmos – como os que padronizam o conteúdo em feeds de redes sociais – do que à ausência real de usuários humanos.
A teoria, nesse contexto, funciona como um alerta simbólico: numa internet controlada por grandes plataformas e direcionada à monetização, é urgente reforçar a alfabetização digital, estimular o pensamento crítico e valorizar a autenticidade. Para quem atua com conteúdo e comunicação, isso exige cultivar estratégias conscientes: verificar fontes, buscar espaços de interação humana (como newsletters especializadas, fóruns temáticos e comunidades independentes) e escapar das bolhas algorítmicas.
Mais do que declarar a internet “morta”, o debate nos convida a refletir: como mantê-la viva — para humanos e por humanos — em um ambiente cada vez mais automatizado?