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O Cantador de Histórias: A serenata e o helicóptero

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Foi no começo do mês de julho que Fredi Jon recebeu a ligação de um rapaz, seu nome era Roberto. Ele queria fazer uma homenagem para sua namorada Carolina. O rapaz se mostrava muito apaixonado, durante a conversa teceu inúmeros elogios à moça. Disse querer algo espetacular, coisa de cinema mesmo, falou que nada do que fizesse chegaria aos pés de Carolina.

Na verdade, ele falava, falava, falava e não dizia nada, elogiava, rasgava seda, mas não ia ao ponto.

— Ok, já entendi que você encontrou o amor da sua vida, mas o que exatamente você quer fazer para ela?  Perguntou Fredi Jon.

— Eu não sei, só sei que quero algo inesquecível, algo que mostre que sou um bom partido para ela.

Aquela resposta soou um tanto estranha, mas, nesses 24 anos de Serenata & Cia, já vimos muitas coisas estranhas.

Fredi Jon, expôs para Roberto todos os trabalhos da Serenata detalhadamente, o rapaz ouviu com atenção, mas seu rosto se iluminou quando ouviu a palavra chuva de pétalas. Ele quase gritando falou:

— É isso, sim, é isso que eu quero, quero uma chuva de pétalas de rosas, muitas e muitas e muitas pétalas de rosa, mas quero isso caindo de um helicóptero. Está decidido, quero o trabalho mais caro de vocês e uma chuva de pétalas.

Fredi Jon perguntou quais seriam as músicas, ele de forma displicente respondeu que não sabia quais escolher, disse para nosso seresteiro colocar as que eram mais vendidas.

Assim foi feito, no segundo domingo do mês de julho, o grupo em quarteto rumou para o bairro do Morumbi. Exatamente ao meio-dia estavam na porta da casa. E lá também estava Roberto esperando por eles, ele estava ansioso, parecia uma criança, ao longe dava para ouvir o barulho do helicóptero, o rapaz acertou os últimos detalhes com o piloto e disse aos nossos músicos que poderiam entrar cantando.

Era aniversário de Carolina, aquela era a casa dela, estava cheia de parentes da moça, e assim foi feito.

A trupe entrou cantando uma linda canção internacional foi uma surpresa, as senhorinhas emocionadas olhavam para nossos seresteiros admiradas, até que Roberto chegou do nada, puxou a garota pelo braço e tascou um beijo desentupidor de pia na menina, os parentes ficaram incrédulos olhando para a cena, e como se não bastasse o bendito helicóptero chegou e montes e montes de pétalas começaram a cair. Era pétala para todo lado, pétala na piscina, dentro da comida, na boca da cantora, até dentro do sax caiu pétalas.

Não dava pra ouvir mais nada, e o beijo não terminava nunca, fazer o que?  Nossos músicos continuaram tocando, e a admiração virou indignação, os parentes cochichavam, enquanto o casal dançava em meio aos montes de pétalas.

No final Carolina discretamente entregou um cheque para Fredi Jon, é gente, é isso mesmo, era ela que estava bancando a coisa toda, ela pagou por tudo para tentar convencer a família que o cara valia a pena, é mole? Mas será que valia mesmo?

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