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O idoso e a alienação parental

Foto: Pixabay

 

O termo alienação parental geralmente é relacionado aos filhos, normalmente crianças ou adolescentes, em que um dos pais, após a separação, causa um afastamento intencional do filho com o ex-parceiro. Mas a alienação parental também acontece com os idosos, especialmente quando existe uma disputa pela herança desse idoso, por parte dos filhos ou outros parentes, como sobrinhos. A psicóloga e neuropsicóloga Sandra Morais alerta a importância de identificar o problema e de como a saúde mental do idoso pode ser afetada.

E como identificar se há alienação? De acordo com a especialista, é importante analisar as circunstâncias em que vive o idoso. Vale verificar se existe alguma disputa judicial, como, por exemplo, uma possível elaboração de testamento. “Na maioria das vezes, a alienação acontece quando existe algum interesse envolvido. Esse idoso se mostra triste, apático e muitas vezes manifesta algum tipo de repúdio da família ou até de um ou mais membros da família ou filhos.”

A psicóloga e neuropsicóloga Sandra Morais Foto: Arquivo Pessoal

Muitas vezes o idoso não percebe que está sofrendo alienação, em outros casos ele pode estar em uma situação em que é considerado incapaz, lembra a psicóloga. “Normalmente, o alienador é alguém próximo e que o idoso confia. No geral, é um irmão, um sobrinho ou até mesmo um filho que acaba isolando o idoso do convívio com outros parentes.”

Qualidade de vida afetada e doenças emocionais

A Organização Mundial de Saúde estima que em 2050 cerca de 22% da população mundial terá mais de 60 anos. Para Sandra, por conta desses dados, essa parcela da população já merece uma atenção especial, pois é vulnerável e, ao sofrer alienação, demonstra desinteresse pela vida. “Isso acaba afetando sua qualidade de vida, que perde o interesse por diversão, pela alimentação e deixa de ter uma vida prazerosa.”

Em decorrência, podem surgir doenças emocionais como solidão, depressão, ansiedade, entre outras. “O idoso se sente sozinho e, como isso não é uma escolha, a vida torna-se algo dolorida. Acaba nutrindo um sentimento de abandono, como se sentisse solto e sem laços. E a solidão é um dos ingredientes da depressão e traz, inclusive, dor física” .

Buscando tratamento

O tratamento no decorrer inclui a busca da ajuda psicológica, de psiquiátrica, nutricionista, terapeuta ocupacional, ou seja, um tratamento interdisciplinar. Os profissionais devem trabalhar em conjunto.

Sandra lembra que o Estatuto do Idoso visa, em primeiro lugar, regular os direitos assegurados de pessoas com idade igual ou superior a 60 anos. Ela indica que em suspeita de alienação parental a família deve procurar um advogado especializado em direito de família para obter orientação em relação ao que pode ser feito judicialmente. “As pessoas não devem se omitir ao ver que um idoso está sofrendo.

Os familiares deveriam tratar seus idosos com respeito e dignidade, pois eles trabalharam a vida inteira em prol de uma vida melhor para os filhos, e quando chegam à velhice, muitos se encontram solitários e desamparados”, conclui.

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