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O que comer amanhã?

Foto: Reprodução

Bem antes da pandemia de Covid, a questão dos auxílios governamentais, como Bolsa Família no passado e hoje Auxílio Brasil, vem ajudando a diminuir a situação de vulnerabilidade de famílias que sofrem com o desemprego. Autônomos e outros com empregos informais também podem se beneficiarem com a ajuda. Com a pandemia, o Auxílio Emergencial, aprovado pelo Congresso em 2020, tentou dirimir temporariamente o impacto econômico causado pela crise sanitária. Hoje a população carente conta com um valor de 600 reais mensais. No entanto, considerando a inflação galopante no cenário da economia brasileira, tal valor mal consegue cobrir as despesas com a alimentação básica, isso para não mencionar os gastos com medicamentos.  

Diante de tal situação, a pergunta recorrente entre os mais carentes economicamente é: o que comer amanhã? De acordo com a Rede PENSSAN, a rede brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional, 33,1 milhões de pessoas passam fome. No Nordeste, as condições de pobreza ainda são mais alarmantes, especialmente no meio rural. Segundo o índice de Gini, coeficiente usado para calcular o nível de desigualdade no país, 49,4% de pessoas em extrema pobreza vivem no Nordeste (2020), mesmo com os benefícios dados pelo governo. Isso quer dizer que cerca de 12 milhões de pessoas vivem sem renda suficiente para consumir insumos. Não entramos aqui no mérito das condições de educação, de saúde ou de moradia adequadas. É bem verdade que sem os programas sociais do governo o índice de pobreza seria ainda mais alto. Ainda assim, estamos longe de equalizar o problema que atinge principalmente mulheres, pretos e pardos (IBGE) e com a maior incidência para as famílias, cujos responsáveis são mulheres pretas ou pardas, sem cônjuge e com filhos.  

Isso nos faz pensar sobre a origem da pobreza no Brasil, cuja natureza é estrutural, oriunda de um processo de colonização e de exploração de mão de obra escrava. Para entender a má distribuição de renda e a consequente desigualdade social atual, além do déficit cultural e intelectual com relação a outras nações, vale a pena pesquisar o livro de José Antonil SJ, Cultura e Opulência do Brasil por suas drogas e Minas (1711). Eu recomendo fortemente.

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