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Pesquisadores apontam alto risco de volta da poliomielite no Brasil

 

Baixa cobertura vacinal é o principal motivo de preocupação

A sétima edição do International Symposium on Immunobiologicals (ISI), realizada no Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos da Bio-Manguinhos/Fiocruz, trouxe um alerta preocupante: o alto risco de retorno da poliomielite ao Brasil. Especialistas destacaram a baixa cobertura vacinal como o principal motivo de preocupação em relação à paralisia infantil.

Durante um dos debates realizados no simpósio, a Dra. Luiza Helena Falleiros, presidente da Câmara Técnica de Poliomielite do Ministério da Saúde, ressaltou a combinação de fatores que contribuem para esse cenário alarmante. Ela destacou o processo de imigração constante, as baixas coberturas vacinais, a continuidade do uso da vacina oral, o saneamento inadequado, os grupos antivacinas e a falta de vigilância ambiental como elementos que podem levar ao retorno da doença. “É uma tragédia anunciada”, afirmou a especialista.

Um estudo realizado pelo Comitê Regional de Certificação de Erradicação da Polio 2022, da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), revelou que o Brasil é o segundo país das Américas com maior risco de reintrodução da poliomielite, ficando atrás apenas do Haiti.

A preocupação é realçada pela recente confirmação de um caso da doença em Loreto, no Peru. Esse fato reforça a necessidade de vigilância rigorosa nas fronteiras. O continente americano havia registrado 30 anos sem a doença, mas a ocorrência no Peru desperta a atenção para a possibilidade de o vírus circular novamente.

A cobertura vacinal para a poliomielite no Brasil tem apresentado números alarmantes. No ano passado, ficou em 77,16%, muito abaixo da taxa de 95% recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para evitar a circulação do vírus. Esse cenário é resultado da chamada hesitação vacinal, que envolve diversos fatores, como a confiança nas vacinas, o medo da reação vacinal, a dificuldade de acesso aos postos de vacinação, a renda familiar e a escolaridade da população.

José Cassio de Morais, assessor temporário da Organização Pan-Americana da Saúde, destacou a importância de conscientizar a população sobre a importância da vacinação. Ele ressaltou que a imunização não é apenas uma proteção individual, mas também uma proteção coletiva, como ficou evidente no contexto da pandemia da COVID-19. Morais defendeu um maior investimento em campanhas e em informações de qualidade para combater a hesitação vacinal e disseminar fatos positivos sobre as vacinas.

A erradicação da poliomielite no Brasil foi conquistada em 1994, graças a um amplo programa de vacinação. O último caso registrado no país foi há 34 anos atrás, em 1989.

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