Iniciativa do Ministério da Saúde, realizada no âmbito do PROADI-SUS, atuou em mais de 300 hospitais desde 2018 e atendeu cerca de 439 mil pacientes
Após um período de seis anos de implementação, o programa “Saúde em Nossas Mãos: Melhorando a Segurança do Paciente em Larga Escala no Brasil” desempenhou um papel fundamental na preservação da vida de mais de 5 mil pacientes vinculados ao Sistema Único de Saúde (SUS). Abrangendo as 27 unidades federativas em todo o território nacional, o projeto conseguiu prevenir aproximadamente 13.670 Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (IRAS) em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) de 303 hospitais públicos.
O programa, conduzido pelo Ministério da Saúde no âmbito do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (PROADI-SUS), resultou em uma economia expressiva, ultrapassando a marca de R$ 718 milhões. Essa iniciativa contou com a colaboração dos hospitais Alemão Oswaldo Cruz, BP – Beneficência Portuguesa de São Paulo, Hcor, Einstein, Moinhos de Vento e Sírio-Libanês.
Os dados foram apresentados em Brasília, em evento que marcou o encerramento do segundo ciclo do projeto, iniciado em setembro de 2021. Neste último triênio, o Saúde em Nossas Mãos estima ter atendido mais de 200 mil pacientes em 188 instituições públicas, período em que impactou na redução de 6.191 IRAS, salvando 2.535 vidas e poupando acima de R$364 milhões aos cofres públicos.
“Trata-se de um projeto com envergadura inacreditável, de grande impacto e capilaridade, visto a quantidade de participantes em todo o país. O Saúde em Nossas Mãos está inserido no PROADI-SUS, o maior projeto no globo que adota ciência da melhoria e tenta impactar o cotidiano de hospitais em relação a indicadores fundamentais”, afirmou Aristides de Oliveira, diretor de Programa da Secretaria de Atenção Especializada à Saúde, do Ministério da Saúde.
Ana Paula Pinho, representante dos Diretores de Responsabilidade Social dos Hospitais PROADI-SUS pelo Hospital Alemão Oswaldo Cruz, acrescentou que “os números por si só falam da grandiosidade do projeto dada a diversidade do nosso Brasil e as características de cada região. É o querer mudar, o querer fazer a diferença que nos permite chegar a estes resultados. Este projeto trouxe alguns desafios, como a inclusão de UTIs pediátricas e neonatais, mostrando que os processos de melhoria podem sim ser abrangentes e trabalhar com toda a instituição”.
Fernando Torelly, representante da governança do PROADI-SUS e CEO do Hcor, destacou que houve 712% de retorno de investimentos e que, para cada R$ 1,00 investido, foram apresentados R$ 7,00 de economia com redução das infecções.
“É importante ressaltar que reduzir óbitos através de infecção e reduzir infecção através de trabalho coordenado e qualificado são os principais desfechos de iniciativas na área da saúde, o que conquistamos com maestria. Vimos participantes zerarem as taxas de IRAS por meses consecutivos, ultrapassando as metas estipuladas e implementando mudanças de cultura em seus hospitais de forma inspiradora. O aprendizado, neste período, foi mútuo, e gostaria de expressar meus agradecimentos a toda a equipe envolvida, desde os profissionais nas linhas de frente até os administradores, pesquisadores e demais colaboradores que acreditaram no Saúde em Nossas Mãos e colocaram em prática cada ensinamento visando o bem-estar do paciente”, disse.
Cláudia Garcia, coordenadora geral do Saúde em Nossas Mãos, afirmou que o projeto colaborativo foi o maior já realizado pelo Institute for Healthcare Improvement (IHI) em todo o mundo. “Então, de fato, nos orgulhamos e nos sentimos uma equipe, de cerca de 15 mil pessoas em todas as unidades federativas do Brasil, o que não tem comparação. Nada disso teria acontecido se os hospitais do SUS não tivessem comprometidos neste propósito conosco e mobilizando as equipes para que a gente pudesse de fato salvar tantas vidas e evitar tantas infecções”, afirma.
A longo prazo, a expectativa do projeto é contribuir com a mudança da cultura das organizações de saúde com relação à segurança do paciente. O foco está na redução das três principais infecções: Infecção Primária da Corrente Sanguínea Associada a Cateter Venoso Central (IPCSL); Pneumonia Associada à Ventilação Mecânica (PAV); e Infecção do Trato Urinário Associada ao uso de Cateter Vesical (ITU-AC).
Nos países em desenvolvimento, 10 em cada 100 pacientes hospitalizados ficam expostos a infecções associadas a cuidados de saúde, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). No Brasil, acredita-se que cerca de 70% dos danos notificados nos hospitais do país sejam evitáveis, e foi com base neste contexto que, em 2013, o Ministério da Saúde instituiu o Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP), cujas equipes técnicas atuam em parceria com os hospitais PROADI-SUS nesta iniciativa, com o apoio da Coordenação Geral de Atenção Hospitalar e de Urgência do Departamento de Atenção Hospitalar da Secretaria de Atenção à Saúde (CGAH/DAHU/SAS/MS).