Editorial
As chuvas desse início de ano, principalmente em Minas Gerais e São Paulo, com tantas mortes e desabrigados, trazem novamente à tona o debate em relação aos eventos climáticos extremos, que se refletem em transtornos que acarretaram enchentes, inundações e deslizamentos. Esses fenômenos meteorológicos não são novidade, assim como diversos outros, que têm ocorrido com maior frequência ou intensidade devido à mudança climática.
As consequências socioambientais exigem ações para minimizar seus reflexos e, para isso, são utilizados diversos estudos como instrumento de base para o desenvolvimento de projetos eficientes. Entretanto, quando esses estudos não são levados a sério a população é colocada em risco. Nos países desenvolvidos, como os Estados Unidos, França, Japão, Canadá e Alemanha, além dos estímulos às pesquisas, ampliou-se o investimento em fundos para situações emergenciais oriundas de desastres socionaturais e, nestes quesitos, o Brasil segue na contramão da percepção dos efeitos das mudanças climáticas.
Em muitas cidades brasileiras, dentre elas o Rio de Janeiro, é notório o baixo investimento em ações de prevenção, inviabilizando a eficácia da infraestrutura urbana em relação a obras de drenagem e escoamento, vistorias de terrenos em áreas de risco e atualização de mapeamentos de vulnerabilidade, transferindo a responsabilidade das consequências para a população ou até mesmo para o “sobrenatural”. Inversamente proporcional à velocidade do aumento dos desastres, estão as políticas de prevenção que caminham a passos muito lentos.
Diante de tudo o que vimos e estamos vendo, é imprescindível que a população deixe de sofrer passivamente e torne-se protagonista no que diz respeito às propostas e elaboração de políticas públicas voltadas para a prevenção de desastres socionaturais. Sejamos agentes de mudanças e multiplicadores de ações em prol do coletivo. Afinal de contas, chuvas fortes deixarão de ser tratadas como problema quando a sociedade estiver preparada para elas.