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Serra: A Revolta dos Mercenários II

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Seguindo os acontecimentos históricos em nosso país, em duas etapas concluímos a chamada Revolta dos Mercenários.

Continuando… Nos quarteis do Rio de Janeiro, a rotina de chicotadas, palmatórias, cipoadas e pranchadas eram utilizadas para manter a disciplina dos soldados. Alguns castigos eram aplicados diante da tropa formada e com uma banda de música tocando retretas alegres para abafar os gritos dos que estavam sendo castigados, uma cena dantesca. A ordem era não se refrescar para manter a disciplina. Os soldos eram pagos com meses de atraso, chegando a atingir anos e quando vinham eram acompanhados por descontos absurdos. Logo, havia motivos suficientes para que um dia os mercenários se rebelassem.  Os castigos corporais, não eram em si o que revoltava os mercenários e sim a arbitrariedade e o despotismo com que eram aplicados por parte dos oficiais.  Um soldado alemão condenado a 800 chibatadas chegou a suportar 500 chibatadas, como descreveu o ex-soldado alemão Schichthorst em seu livro de memórias. As costas dos mercenários eram “pasto da chibata brasileira”. Outro problema era que o comando dos soldados alemães estava nas mãos de outros estrangeiros. As autoridades do Império não atentaram que, um dia, a tolerância dos mercenários alemães iria terminar. A situação de tensão nos quarteis estava prestes a explodir e houve quem ofereceu a pólvora.

O motim foi causado pelos mercenários alemães descontentes e revoltosos contra a punição brutal de um de seus membros de batalhão,  ordenada pelo Major Francisco Pedro Drago, oficial de um dos batalhões de Granadeiros. Os camaradas irlandeses se juntaram, então,  aos revoltosos em uma arruaça desenfreada de três dias com a destruição de uma cidade (desprovida de tropas regulares para reprimir a rebelião) e de seus habitantes. Durante três dias turbulentos de junho de 1928, a cidade experimentou um incidente, singularmente violento, uma revolta militar em larga escala, liderada pelos mercenários irlandeses e alemães.

Os rebelados se dirigiram ao Palácio Imperial para exigir a demissão do major mas não foram recebidos,  exaltados dirigiram-se a residência do Major Drago que a depredaram e depois a incendiaram . Durante os três dias  (09, 10, 11 de junho de 1928) os mercenários praticaram todo tipo de desordem pela cidade. Invadiram a sede do Ministério do Exército, onde, hoje, funciona o Palácio Duque de Caxias, no Campo de Santana. Arrombaram o almoxarifado e apossaram-se de armas que encontraram e entricheiraram no local. O Governo Imperial contou com o apoio da Brigada de Artilharia da Marinha, de marinheiros de navios franceses e ingleses, atracados no porto, e até de escravizados que se juntaram com único propósito, conter a revolta.

Nos combates, cerca de 240 mercenários perderam suas vidas, mais de 300 feridos, do lado oposto, cerca de 120 mortos e por volta de 180 feridos. Um dos líderes do movimento, August Von Steinhousen foi condenado a  morte e outros obtiveram penas diversas. O então Ministro da Guerra, General Barroso Pereira perdeu o cargo por causa do motim. Os batalhões de tropas de mercenários foram dissolvidos, aos que restaram e mereceram foram alocados no exército brasileiro como soldados de baixa patente a serviço dos duques e barões da época.

Num período de três anos, o Imperador abdicaria de seu trono, já que sua autoridade estava totalmente corroída, e entre outros fatores  foi a revolta dos mercenários um fator preponderante.

Nomes como Lord Cochrane, comandante Grenfell e o Capitão John Taylor foram decisivos nas guerras de independência, especialmente, contra as resistências nas então províncias da Bahia, do Maranhão e do Pará. Sem eles acredita-se que o Brasil poderia ter perdido parte do seu território, separado por províncias interessadas em manter, na época, o vínculo com Portugal.

O Comandante Bartholomew Hayden, irlandês , John Taylor, inglês acabaram constituindo família no Brasil. Grenfell foi representante diplomático do país , no Reino Unido,e Lord Cochrane recebeu da Monarquia o título de Marquês do Maranhão.

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