Na edição desta semana, daremos continuidade a nossa história sobre a Revolução Praieira.
Continuando…
O Diário Novo, o Jornal dos rebeldes, formava a ala urbana do Partido Liberal e tinha líderes de várias concepções políticas, tais como: Nunes Machado, editor do Jornal o Republico, Pedro Ivo e Borges da Fonseca. As ideias socialistas, por sua vez, foram veiculadas por estrangeiros como Louis Vauthier, contratado pela província para modernizar e embelezar Recife.
Graças a essa nomeação os conservadores pernambucanos enfraqueceram-se, os praieiros chegaram ao poder e começaram uma série de ações contra os seus adversários. Os praieiros agiram para radicalizar a população, incentivando o crescimento da xenofobia contra os portugueses. A falta de emprego era um grave problema e a questão do comércio varejista (a retalhos) começou a ser vista como crucial para que novas vagas de trabalho surgissem. A população recifense começou a considerar os portugueses como culpados pelo desemprego, já que ocupavam em peso esses empregos no comércio varejista.
O clima de insurreição iniciou-se durante o governo de Chichorro da Gama, que afastou, temporariamente, os conservadores pernambucanos do poder, solidificando as posições praieiras. Um mandato pontilhado pela intensificação da violência, deflagrada em luta aberta quando ocorreu a destituição de Chinchorro do poder, por ordem de D. Pedro II, e novamente a ascensão dos conservadores, com a nomeação de Herculano Ferreira Pena. Uma sucessão seguida de forte oposição por toda a província. O novo presidente, Ferreira Pena, diante da forte oposição que teve como ponto de partida a cidade de Olinda, não teve pulso firme para controlar e conter a revolta. Foi, imediatamente, substituído por Vieira Tosta, que organizou a resistência legalista.
A vingança conservadora não tardou a entrar em ação e os praieiros foram perseguidos e demitidos de instituições como a Polícia e a Guarda Nacional, iniciando, com isso, uma série de conflitos armados que se espalharam por todo o interior da província.
O movimento armado já tinha sido iniciado, em Olinda (1848) e rapidamente difundido por toda a Zona da Mata. Ficando a liderança mais importante, nesse primeiro momento, a cargo do Capitão de Artilharia Pedro Ivo Veloso Silveira que havia combatido os Cabanos no Pará, como militar a serviço do Imperador e defensor das massas miseráveis. Reuniu pequenos arrendatários, vaqueiros e outros grupos populares do interior.
Em janeiro de 1849, os praieiros lançaram no seu programa um documento chamado de “Manifesto ao Mundo” escrito pelo jornalista Borges da Fonseca, continha as principais reivindicações dos rebeldes praieiros: O voto livre e universal; Liberdade de expressão; Direito ao trabalho; Inteira e efetiva autonomia dos poderes constituído; Adoção do Federalismo; Nacionalização do comércio varejista; Reforma do Poder Judiciário; Extinção dos juros; Abolição do sistema de recrutamento; Abolição do Poder Moderador; Supressão da Vitaliciedade do Senado; Expulsão dos portugueses.
Enquanto a Revolução espalhava-se pelo interior da província, os praieiros decidiram atacar Recife. Contudo, próximo aos Bairros de Soledade e Afogados, foram vencidos por Vieira Tosta. Neste conflito morreu Nunes Machado e Borges da Fonseca refugiou-se no interior enquanto Pedro Ivo continuou lutando e liderando um grupo de homens armados, levou a revolta até a Paraíba na tentativa, em vão, de conquistar essa província. Se rendeu em 1850, em Alagoas, confiante na anistia prometida pelo Império. Foi preso e transferido para o Rio de Janeiro, de onde fugiu e partiu em exílio numa embarcação , onde morreu, a caminho da Europa, sendo seu corpo sepultado no mar. Após alguns meses passados, os praieiros dispersos e enfraquecidos, a revolta foi sufocada e derrotada.
Os líderes da insurreição foram julgados e condenados à prisão em Fernando de Noronha. Em 1851 receberam anistia plena, inclusive os que haviam conseguido fugir para o exterior, voltando a ocupar seus cargos públicos e a comandarem os seus engenhos. Porém os rebeldes das camadas populares não tiveram o direito a julgamento e sofreram recrutamento forçado ou foram anistiados por intervenção de seus superiores para retornarem ao trabalho, exceto aqueles que foram sumariamente fuzilados durante e logo após os combates.
A Revolução Praieira encerrou o ciclo das conturbações imperiais. Foi a última das rebeliões contra o unitarismo do Império e o ponto culminante da tradição revolucionária pernambucana, fortemente marcada pelo espírito republicano tão difundido nos levantes de 1817 e 1824. A eclosão da Revolução da Praia vinculou-se a um conjunto de variantes sociais e políticas, imprimindo-lhe uma tal gravidade e colocando-a entre as revoltas sociais mais relevantes da história brasileira.