Estudos mostram correlação direta entre o aumento das temperaturas e a mortalidade cardiovascular
Com a chegada do verão e o aumento das temperaturas em todo o Brasil, é essencial colocar em pauta uma questão vital para a saúde pública: a perigosa conexão entre o calor extremo e o risco de infarto. O cardiologista Antonio Babo, que atua no Hospital Municipal Evandro Freire, do Rio de Janeiro, explica que, mais do que incômodo, o calor intenso representa uma ameaça significativa à saúde cardiovascular, especialmente para grupos de risco.
Por que o calor aumenta o risco de infarto?
O corpo humano possui mecanismos naturais para regular a temperatura, como o suor e a dilatação dos vasos sanguíneos. No entanto, em condições de calor extremo, esses mecanismos podem se tornar ineficazes.
De acordo com o médico, o calor excessivo intensifica a perda de líquidos e eletrólitos, causando desidratação e sobrecarregando o coração. “A vasodilatação causada pelo calor pode levar a quedas na pressão arterial, obrigando o coração a trabalhar mais para manter a circulação adequada”, detalha.
Ele ainda destaca outro agravante: o aumento da viscosidade do sangue devido à desidratação, que facilita a formação de coágulos e eleva o risco de eventos cardiovasculares graves, como o infarto do miocárdio.
Grupos mais vulneráveis
O especialista reforça que alguns grupos são particularmente suscetíveis aos impactos do calor no sistema cardiovascular:
- Idosos: a capacidade de regular a temperatura corporal diminui com a idade.
- Pessoas com doenças crônicas: hipertensos, diabéticos e pacientes com insuficiência cardíaca estão em maior risco.
- Pessoas com obesidade: o excesso de peso dificulta a dispersão do calor corporal.
- Trabalhadores expostos ao sol: aqueles que passam longos períodos ao ar livre em condições extremas são mais propensos à desidratação.
Para prevenir essas complicações, dr. Babo recomenda medidas simples e eficazes:
- Hidratação constante: consuma pelo menos dois litros de água por dia e evite bebidas alcoólicas ou café em excesso, que agravam a desidratação.
- Evitar exposição ao sol nos horários de pico: entre 10h e 16h, os índices de radiação solar são mais altos.
- Manter uma alimentação leve: prefira alimentos frescos, como frutas e verduras, e evite comidas gordurosas, que sobrecarregam o organismo.
- Fazer pausas e buscar sombra: para trabalhadores ao ar livre, é crucial alternar a exposição com intervalos em áreas frescas.
- Monitorar condições de saúde: pacientes com histórico de problemas cardiovasculares devem realizar check-ups regulares e seguir orientações médicas.
Dicas gerais de prevenção
- Use roupas leves e de cores claras para facilitar a dispersão do calor.
- Tenha sempre uma garrafa de água à mão.
- Utilize protetor solar para evitar queimaduras e danos causados pelo sol.
- Esteja atento a sinais de alerta, como tontura, palpitações ou fraqueza, que podem indicar desidratação ou sobrecarga cardiovascular.