A má oclusão é definida como uma alteração de crescimento e desenvolvimento que afeta as arcadas dentárias, o esqueleto facial ou ambos, é considerada um problema de saúde pública, pois apresenta alta prevalência e possibilidade de prevenção e tratamento, podendo interferir negativamente na qualidade de vida. A etiologia é multifatorial, podendo ser por fatores genéticos, traumas dentários e faciais, hábitos deletérios e nutricionais.
O crescimento e o desenvolvimento do sistema estomatognático e consequentemente, a oclusão dentária podem sofrer influências de diversos fatores como respiração, amamentação, mastigação, hábitos de sucção que é o dedo, a mamadeira ou chupeta. Esse agravo à saúde tem recebido crescente destaque, uma vez que ocupa a terceira maior prevalência dentre as doenças bucais, sendo inferior apenas à cárie e à doença periodontal.
O hábito bucal é a repetição de um ato (por exemplo a sucção de chupeta), com uma determinada finalidade (por exemplo a carência afetiva). Alguns hábitos, com o decorrer do tempo, podem se tornar indesejáveis, dentre eles, podemos citar o uso da chupeta, mamadeira e sucção do dedo. O hábito oral se torna prejudicial quando o indivíduo começa a apresentar alterações em sua estrutura oral e em suas funções. É preciso levar em consideração três fatores sobre esses hábitos, que são: Intensidade (a força aplicada durante a sucção); Frequência (o número de ocorrências do hábito durante o dia) e a Duração (a quantidade de tempo dedicado ao hábito). A partir desses fatores, pode-se avaliar o quanto o hábito está se tornando prejudicial, pois conforme vai aumentando o tempo, mais consequências e resultados ruins o hábito vai trazer. Estes hábitos podem interferir no desenvolvimento e crescimento facial da criança, podendo levar a alterações bucais, tais como, mordida aberta, mordida cruzada, inclinação dos dentes, diastemas (espaços entre os dentes), alteração no padrão de deglutição.
O hábito precisa de certa intensidade e frequência para gerar alterações, que até cerca de 3 anos de idade é normal e reversível. Até este momento a criança encontra-se na fase “oral” em que a satisfação é encontrada na cavidade bucal, portanto a sucção é muito importante e em algumas crianças a necessidade pode ser maior, porém é importante que este processo não se torne um vício, sendo aconselhável que a partir desta idade (máximo 3 anos) seja removido gradativamente e o quanto antes sem que cause alterações no desenvolvimento e crescimento facial, no equilíbrio psicológico e físico da criança, caso isso ocorra o pediatra encaminhará para outros profissionais como ortodontista, fonoaudiólogo e psicólogo. A remoção dos hábitos parece ser o grande obstáculo para alguns pais, porém os mesmos tem que estar ciente desta necessidade para o bem estar de seus filhos.
O dentista tem um papel importante na orientação e remoção destes hábitos. Ele ajuda os pais, orientando sobre qual a melhor conduta e maneira de conversar com a criança, evitando a chantagem, a punição e a repressão.
