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Ars Gratia Artis: Paranoia

Ele me observa. O dia todo. Todos os dias. Eu sei onde ele está. Eu sei o que ele quer. Mas eu não posso chegar aos seus pés. Eu peguei um ônibus mais cedo. Eu vi os seus olhos no retrovisor do veículo. Quando me sentei, senti sua pequena mão sobre o meu ombro. Ele não estava lá. Eu sabia que ele não estava lá; porém, mesmo assim, sei que estou na palma de sua mão.

Consegui chegar ao meu trabalho no tempo exato, apesar das minhas distrações… Mas eu ainda o via. Ele estava por toda a parte. Ele não sai de minha mente. Ele impregnou o meu espírito. Estou em um estado mental que me faz ter certeza de que se um de nós deixar de existir, o outro também desaparece.

O fim do dia está próximo. Tomei a direção de casa. A agonia aumentava a cada segundo e a cada gota de suor que escorria de minha testa franzida. Eu finalmente cheguei. Estou em casa. O meu ambiente de paz; o meu templo sagrado. Mas ele também está lá. A espera acabou, porém isso se repetirá de novo. E novamente. E mais uma vez. Até que um de nós dois se torne um com a grama da Terra.

Extraído do Livro ‘Os Devaneios de um Homem Louco’, de Álvaro Roux Rosa.

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