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Deleite Linguístico: A solitária borboleta

Em um lugar próximo de vocês, meus caros leitores, havia uma solitária borboleta, classificada como da espécie Haetera piera sanguinolenta, cujo habitat é uma floresta tropical onde há altitudes entre o nível do mar e 1.500 metros. (Caso queiram ter um lugar preciso, imaginem-na em Petrópolis.) O que a nós interessa é que esse inseto que possui asas arredondadas e extremamente translúcidas, pequenos ocelos nas asas posteriores e mancha entre o castanho e amarelado era constantemente alvo de olhares maliciosos de outras espécies que se incomodavam com sua alegria, muito embora essa criaturinha escondesse sua tristeza em viver sem companhia.

Não se pode negar que, ao lado dela, havia bons e fiéis amigos com os quais ela podia contar… Felizmente. Eram sua rede de apoio para as constantes horas de sofrimento… E como sofria… Dilaceravam seu frágil e puro coraçãozinho inúmeros ataques à sua delicada essência, incapaz de mal fazer a seus semelhantes. Pelo contrário… Sempre que ela tinha uma oportunidade, estendia a mão ao próximo e para ele fornecida auxílio de distintas espécies. Era mestre em agradar a todos e em deixar explícita a felicidade que sentia em tê-los ao seu lado. Pagava constantemente um preço alto por se jogar de cabeça em relações amorosas, visto que ela acredita no amor… Isso fez com que se colocasse em desnecessários contextos dos quais saía decepcionada, debilitada, destroçada… Ela, cuja inteligência era indiscutível,  era incipiente para enxergar o que seus amigos tentavam, em vão, a ela sinalizar, já que percebiam que o final a faria sofrer novamente… Embora sua anatomia a fizesse nascer com muitos olhos, além de enxergar raios ultravioleta, sua forma de ser apagava a privilegiada visão. Que pena… Quantos se aproveitaram dessa deficiência…  Por vezes, em engodos se inserirá…. Pobre borboleta…

Seus “amores” diziam que as atitudes dela eram compatíveis com as de uma adolescente… Na verdade, já madura, a borboleta solitária conservará a ingenuidade de acreditar que todos comungam dos valores que a ela são caros… Ledo engano, borboletinha! Cada um tem os seus…Seria essa a origem de suas constantes frustrações; da surpresa, ao vir que fora desprezada, usada e abusada? Talvez seja necessário blindar-se, desconfiar, observar mais e projetar menos… O final de sua existência não chegou, portanto ainda há tempo, querida! Cuide-se e desloque-se para o centro das atenções! Assim, certamente levará as situações com mais leveza e sofrerá menos… Acredite!

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