Sentada estava assistindo à tevê em um estabelecimento onde levei meu carro para fazer alinhamento e balanceamento. Como não tinha muito que fazer, olhei para o programa televisivo que falava sobre a vitória do Flamengo sobre o Corinthians, ocorrida na quarta-feira no Maracanã. Meus olhinhos brilharam ao vir (o verbo ver, no futuro do subjuntivo, é assim conjugado. “Estranho”, dirão alguns. Em outra ocasião, prometo abordar esse tema, meus caros leitores, visto que conjugação verbal é um conteúdo bem delicado.) o seguinte texto:
“Alex Sandro marca e Flamengo vence na estreia de Felipe Luís no Maracanã”. “Que maravilha”, pensei! Minha alegria era que esse pequeno texto seria escolhido para gerar esta crônica linguística. E o motivo disso foi uma simples ausência da vírgula antes do conectivo “e” (conjunção coordenativa aditiva). Já sei que alguns reproduzirão o que apreenderam nas aulas de língua portuguesa: “Não se usa vírgula antes de “e”. Ah, que pena assim falarem, visto que existem, como este, casos em que a vírgula deve ser empregada antes dessa conjunção! A razão de ela ser compulsória é simples: está ligando duas orações com diferentes sujeitos!
Quem sabia essa regrinha que grite: “Bingo”. Ou seria caso de chamar o Árbitro Assistente por Vídeo (VAR) para verificar se há ou não erro de arbitragem? (Kkkkk) Creio que não, mas ouso declarar que tal regra de emprego da vírgula não seja de conhecimento de muitos, inclusive de quem elaborou o texto veiculado pelo canal esportivo.
Para elucidar essa questão, vou produzir dois exemplos: um em que a vírgula não pode aparecer, e outro em que ela se faz necessária.
Atenção, meus caros:
1) O Flamengo é um time carioca muito amado e está fora da zona de rebaixamento;
2) O Flamengo ganhou, e o Corinthians continua na zona de rebaixamento.
No primeiro exemplo, há duas orações em que o sujeito das duas é o mesmo: “O Flamengo”, que está implícito na segunda oração. Já, no segundo exemplo, a primeira oração apresenta como sujeito “O Flamengo”. A segunda, “o Corinthians”. Com isso, existem duas orações formadas por sujeitos distintos. E é justamente isso que faz com que haja o emprego da vírgula antes da conjunção “e”.
Creio que nunca mais haja dúvidas acerca do emprego da vírgula nesse específico caso.