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Aplicativos auxiliam pessoas amputadas no uso mais adequado de próteses

Utilizadores dos equipamentos conseguem alterar funções e escolhem modos de funcionamento das próteses em poucos cliques

A fisioterapeuta gaúcha Stefanie Malinski, 27 anos, tem como uma das principais atividades do dia verificar o nível de bateria da prótese que ela usa no lugar de sua perna esquerda, amputada em 2017 após tratamento contra um câncer. Para isso, ela tem uma comodidade: apesar de ser possível verificar se há necessidade de fazer o carregamento no próprio equipamento, a fisioterapeuta se sente mais confiante com o uso de um aplicativo. “Em dias que eu exijo mais da prótese, a bateria dura menos do que em dias que eu não exijo tanto dela. Pelo celular é possível acompanhar esse desempenho e ter mais controle”, comentou.

 

A realidade de Stefanie é um exemplo de como os utilizadores destes equipamentos no Brasil têm, cada vez mais, os benefícios da evolução tecnológica a seu favor. E isso é ainda mais fundamental quando é analisado o crescimento no número de pessoas amputadas no país. Segundo levantamento da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV), o país apresentou no ano de 2021, o último com dados completos, média mensal de 2,4 mil amputações de membros. Além disso, entre 2012 e 2021, houve aumento de 53% no número de cirurgias para retirada de pés, pernas, mãos e braços.

 

Com isso, os aplicativos trazem praticidade e segurança a essas pessoas. Stefanie comenta que recebe a recomendação de sempre carregar a bateria da prótese antes de dormir para utilizar o equipamento no dia seguinte. Porém, isso pode não ser possível em alguns casos. Ela conta sobre uma situação em que não conseguiu colocar o equipamento para carregar e o aplicativo foi ainda mais importante para o dia seguinte. “Teve uma competição em que eu participei e precisei viajar, mas não consegui fazer o carregamento de um dia para o outro. Com isso eu acompanhei o nível de bateria pelo celular para ter mais certeza sobre o tempo de uso da prótese”, exemplifica, ao comentar sobre um torneio de natação.

Controle na palma da mão

 

Uma das próteses que a fisioterapeuta usa é o joelho C-Leg, produzido pela empresa alemã Ottobock, que tem atuação no Brasil e é especializada também em outras tecnologias voltadas a pessoas com problemas de mobilidade. Este equipamento apresenta um aplicativo com o qual a gaúcha pode adaptar as funções e modos conforme suas necessidades diárias.

 

O diretor de academy da Ottobock na América Latina, Thomas Pfleghar, comenta que associar um aplicativo ao uso de uma tecnologia tão essencial para um paciente resulta em trazer as funcionalidades mais adequadas para que a pessoa tenha uma rotina saudável e independente. “É fundamental proporcionar autonomia ao utilizador de uma prótese para que acione os modos necessários e tenha mais controle em seu uso. Aplicativos permitem que a pessoa explore o equipamento da melhor forma possível”, comenta.

 

A fisioterapeuta consegue ter acesso a três funções da prótese: o nível de bateria, a resistência do equipamento para descer escadas e rampas e a contagem diária de passos. Esta última função é semelhante a outros aplicativos que contabilizam as horas caminhadas no celular, mas que, neste caso, está associado às outras funções para o melhor uso de uma prótese. Ela concorda com o diretor da empresa sobre a praticidade do dispositivo no celular. “Acredito que a importância de ter um aplicativo está na questão de que isso nos permite uma sensação de controle maior”, explica.

Liberdade em poucos cliques

 

Com uma rotina dividida entre o trabalho como fisioterapeuta e os treinos e competições de natação, liberdade é uma das palavras que resume o uso do aplicativo para adaptar a prótese ao momento de seu dia. Além de acompanhar funções como a bateria ou a resistência, Stefanie também pode realizar mudanças nos modos de uso do equipamento.

 

Ela explica que isso é definido previamente em suas visitas à clínica da Ottobock em Porto Alegre (RS), quando a tecnologia recebe ajustes necessários para operar conforme o que ela precisa. Atualmente a fisioterapeuta utiliza três modos: o básico, que aciona para uso geralmente no trabalho; o modo bicicleta, para as práticas com o veículo; e o modo tênis de mesa. Sobre este último, Stefanie explica que não significa que ela pratique o esporte. “Apesar de eu não jogar tênis de mesa, ao testar esse modo na clínica achei que seria bom para as minhas funções no dia a dia, por me proporcionar mais segurança”, afirma.

 

Segundo a Ottobock, além do joelho C-Leg, a empresa desenvolve aplicativos para as próteses Genium X3, destinada a membros inferiores, Myo Plus, para membros superiores, além da órtese C-Brace, também para membros inferiores. Para utilizar os aplicativos, que estão disponíveis em Android e iOS, basta baixar no aparelho pelas lojas dos celulares, fazer o pareamento com o equipamento e preencher alguns dados.
 

Sobre a Ottobock 

Fundada em 1919, em Berlim, na Alemanha, a Ottobock é referência mundial na reabilitação de pessoas amputadas ou com mobilidade reduzida por sua dedicação em desenvolver tecnologia e inovação a fim de retomar a qualidade de vida dos usuários. Dentro de um vasto portfólio de produtos, a instituição investe em próteses (equipamentos utilizados por pessoas que passaram por uma amputação); órteses (quando pacientes possuem mobilidade reduzida devido a traumas e doenças ou quando estão em processo de reabilitação); e mobility (cadeiras de rodas para locomoção, com tecnologia adequada a cada necessidade). A Ottobock chegou ao Brasil em 1975 e atua no mercado da América Latina também em outros países como México, Colômbia, Equador, Peru, Uruguai, Argentina, Chile e Cuba, além de territórios da América Central. Atualmente, no Brasil, são oito clínicas, presentes em São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Curitiba, Belo Horizonte, Recife e Salvador.

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