Há coisas que não se explicam
Pois nunca serão palavras
Há palavras que não se vivem
Porque a palavra não é a coisa.
Entre olhares que se entrecruzam
A vida que não se extingue
Vira palavras que não se usam
Porque a palavra é a matéria
Da ilusão de um limite.
Entre as bocas que não se beijam
Nem sempre há vontades no vazio
Mas sempre há o dizer ou o silêncio
Dos seres, que de tão distantes,
Nos limites se abraçam.
Por isso sempre o limite
Antes de um dizer tão singelo
Porque se os limites são infinitos – como todas as coisas
Não há distâncias entre as bocas que dizem beijos e as que os calam.