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Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência: tecnologia se torna aliada para trazer autonomia e inclusão

 

Brasil possui 18,6 milhões de habitantes acima de dois anos de idade com alguma deficiência, dos quais se destacam aqueles com dificuldade de andar e subir degraus

O biólogo Sergio Romaniuc Neto, 60 anos, e o atleta Lucas Junqueira, 35, além de serem paulistas, têm em comum o interesse por melhores condições de vida e acessibilidade para pessoas com deficiências. Sérgio, que sofreu uma descarga elétrica no final da década de 1980, teve os dois braços amputados e utiliza próteses no lugar dos membros, enquanto Lucas, após um acidente na praia, ficou tetraplégico e faz uso de cadeira de rodas. Neste Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência, celebrado nesta quinta-feira (21), os dois comentam como a tecnologia e o trabalho multiprofissional são importantes para trazer mais inclusão e bem-estar a esse público.

 

Tanto Sérgio quanto Lucas fazem parte de um contingente de 18,6 milhões de pessoas acima de dois anos de idade no Brasil que possuem alguma deficiência. O número é resultado da Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílio (Pnad) Contínua, feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), com base em informações do terceiro trimestre de 2022. Os entrevistados da pesquisa relataram ao menos uma limitação, seja em locomoção, visão ou audição, por exemplo.

 

A maior queixa identificada pelo IBGE foi de pessoas com dificuldade para andar e subir degraus (38,05% do total de pessoas com deficiência). Outras questões envolvem dificuldade para enxergar (34,96%); dificuldade de aprender, lembrar-se das coisas ou se concentrar (29%); e dificuldade para levantar uma garrafa de dois litros de água da cintura até a altura dos olhos (24,73%), entre outras.

 

A adaptação desse público depende do investimento em pesquisa de tecnologias de ponta para ampliar a qualidade de vida. Nesse sentido, segundo Thomas Pfleghar, diretor de academy da Ottobock na América Latina, empresa que trabalha com o desenvolvimento de próteses, órteses e cadeiras de rodas, o setor precisa sempre se empenhar em estudos e desenvolvimento de equipamentos de ponta. “Ter tecnologia adequada a cada situação ajuda não apenas a saúde física, mas também a saúde mental, com melhoria na autoestima de pacientes, o que resulta na luta contra o preconceito, discriminação e por maior inclusão”, afirma.

Lucas é atleta da Seleção Brasileira de Rugby em Cadeira de Rodas. Foto: Instagram/Arquivo Pessoal

Tecnologia como aliada na vida

 

Lucas se interessou em ser paratleta após sofrer um acidente em 2009, quando mergulhava no mar no Rio Grande do Norte. Ao atingir um banco de areia, ele quebrou o pescoço e ficou tetraplégico. Desde então, as tecnologias assistivas para pessoas com deficiência têm feito parte de sua rotina. “Quando sofri o acidente, não sabia da existência de tecnologias que pudessem me ajudar, não sabia do meu potencial mesmo com uma lesão na medula. Ao conhecer mais sobre o assunto, percebi as possibilidades de adaptações”, comenta.

 

Atualmente o paratleta integra a Seleção Brasileira de Rugby em Cadeiras de Rodas, e se concentra nos treinamentos para participar dos Jogos Para-Panamericanos de Santiago, no Chile, que começam no próximo dia 17 de novembro. Para sua rotina, ele conta com uma cadeira de rodas Zenit CLT, produzida pela Ottobock. O equipamento, conforme explica o paratleta, é importante por ser leve e garantir sua independência. “Eu tenho uma lesão alta na coluna cervical, o que significa muito comprometimento do movimento, inclusive nos membros superiores. Uma cadeira com qualidade facilita com que eu faça a propulsão sem a ajuda de alguém”, explica.

Sérgio usa duas próteses, uma em cada braço, e defende o tratamento multiprofissional e as associações para melhoria na qualidade de vida das pessoas. Foto: Instagram/Arquivo Pessoal.

Tratamento multiprofissional e troca de experiências

 

Para Sérgio, além da tecnologia ser importante na autonomia, a possibilidade de troca de informações, reuniões e locais que unam essas pessoas ajuda na criação de ideias e atitudes para a melhoria da qualidade de vida. O biólogo cita as clínicas em que os pacientes vão em busca de acompanhamento, fisioterapia ou ajustes técnicos e que podem conhecer pessoas em situação semelhante. “Ter a possibilidade de experimentar, confeccionar o equipamento e o acompanhamento dos resultados é fundamental. Quando a empresa, além de produzir o equipamento, oferece o lado humano, de aprender a usar, discutir, tirar dúvidas, fazer correções, é um fator que melhora a qualidade de vida”, explica.

 

O biólogo frequenta uma das oito clínicas da Ottobock no Brasil. A empresa oferece nesses locais atendimento com profissionais como técnicos e fisioterapeutas para a melhoria na utilização dos equipamentos que a empresa produz e oferece aos utilizadores. No caso do biólogo, ele usa em cada um dos braços a prótese Bebionic Facelift, um equipamento que utiliza inteligência artificial para fazer a leitura dos sinais dados pelo corpo e transforma as informações em movimento. “É um equipamento biônico multiarticulado que possibilita ativação mais simplificada dos movimentos. É menos trabalhosa, mais harmônica e com menos esforço”, conforme explica Sérgio. Feita com material resistente nas pontas dos dedos, o que garante durabilidade, possibilita 14 posições de pinças com os dedos, para várias atividades.

Lucas é atleta da Seleção Brasileira de Rugby em Cadeira de Rodas. Foto: Instagram/Arquivo Pessoal

Luta por visibilidade

 

Sérgio e Lucas acreditam que o Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência tem uma importância na visibilidade e na busca por melhores condições de vida da população. Na opinião do biólogo, datas como essa são fundamentais para que todo brasileiro perceba a diversidade do país. “Cada vez em que aparecem esses dias comemorativos, esses assuntos se tornam mais evidentes e voltam à baila da sociedade”, afirma. Ele defende que as associações de pessoas sejam fortalecidas. “Nós sempre precisamos, além de equipamentos diferenciados, de leis específicas e políticas públicas. As associações mais fortes manteriam esses assuntos em discussão”, diz.

 

O paratleta concorda com a visibilidade da data para os direitos das pessoas com deficiência. Na opinião dele, esse momento permite que a sociedade perceba que esse público precisa ter acesso a algumas necessidades básicas. “É importante falar na igualdade de direitos, pensar na questão da educação, inclusão no trabalho, em políticas públicas mais adequadas e mais eficazes para que os direitos das pessoas com deficiência sejam efetivos. Essa data nos ajuda a promover não só a conscientização, mas também a inclusão e a igualdade de oportunidades”, conclui.

Sérgio usa duas próteses, uma em cada braço, e defende o tratamento multiprofissional e as associações para melhoria na qualidade de vida das pessoas. Foto: Instagram/Arquivo Pessoal.

Sobre a Ottobock

Fundada em 1919, em Berlim, na Alemanha, a Ottobock é referência mundial na reabilitação de pessoas amputadas ou com mobilidade reduzida por sua dedicação em desenvolver tecnologia e inovação a fim de retomar a qualidade de vida dos usuários. Dentro de um vasto portfólio de produtos, a instituição investe em próteses (equipamentos utilizados por pessoas que passaram por uma amputação); órteses (quando pacientes possuem mobilidade reduzida devido a traumas e doenças ou quando estão em processo de reabilitação); e mobility (cadeiras de rodas para locomoção, com tecnologia adequada a cada necessidade). A Ottobock chegou ao Brasil em 1975 e atua no mercado da América Latina também em outros países como México, Colômbia, Equador, Peru, Uruguai, Argentina, Chile e Cuba, além de territórios da América Central. Atualmente, no Brasil, são oito clínicas, presentes em São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Curitiba, Belo Horizonte, Recife e Salvador.

 

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