Ao longo dos últimos anos, a ciência acumulou evidências que apontam que muitas das alterações de nossos genes têm como causa fatores ambientais. Na medicina, esta alteração é chamada Epigenética ou seja, é quando a função genética dos nossos genes é alterada. Uma forma muito conhecida de alteração epigenética e a mais estudada entre a gente é o câncer. Os nossos genes, uma vez ativos, serão responsáveis pela produção de proteína em nossas células. Acontece que a atividade do gene quando alterada, impactará em nossa saúde. Já existe uma gama de estudos que apontam uma ligação entre estas mudanças nos genes e a disfunção cognitiva, doenças respiratórias, cardiovasculares, reprodutivas, autoimunes e neurocomportamentais. 

Mas que fatores seriam estes capazes de promoverem tais alterações?

Segundo artigo publicado na revista Environmental Health Perspectives, alguns dos fatores conhecidos ou suspeitos que estariam por trás destas mudanças incluem metais pesados, pesticidas, escapamento de diesel, fumaça de tabaco, hormônios, radioatividade e hidrocarbonetos aromáticos policíclicos (substância química resultante da queima de carvão e petróleo, por exemplo).

Estas alterações nos genes sem modificar as sequências do DNA têm ainda implicações profundas no envelhecimento, distúrbios neurológicos e desenvolvimento infantil.

Entre a comunidade científica existe uma divergência quanto ao tempo que perduraria estas modificações em nossos genes. A maioria entende que a cada nova geração, ela seja “apagada”. Entretanto, um estudo publicado em 2005, na revista Science, apontou que estas alterações poderiam permanecer por até quatro gerações.

Para parte dos cientistas a Epigenética seria mais importante do que a genética, pois consegue entender as causas ambientais das doenças. Câncer, aterosclerose e Alzheimer,por exemplo, são algumas doenças desenvolvidas onde o ambiente muitas vezes pode ser a causa.