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Espetáculo em homenagem a grande mestra Tatiana Leskova para festejar o aniversário de 100 anos

A Cia de Ballet Dalal Achcar homenageará a Sra Tatiana Leskova  bailarina, professora, remontadora e coreógrafa internacionalmente conhecida e respeitada, agradecendo publicamente ao seu trabalho e dedicação na construção de um Ballet profissional no Brasil.

Em nome de todos os profissionais da dança e da classe artística, Dalal Achcar dedicará um espetáculo do “Conto de Natal”, atualmente em cartaz no Teatro Riachuelo Rio, à celebração do aniversário de 100 anos da Sra Tatiana Leskova, com a presença da grande mestra. Aproveitamos a oportunidade para convocar todos os seus amigos, artistas e ex-alunos a compartilharem conosco desse momento único na História da Arte do Ballet no Brasil e no mundo.

Sexta feira – 25 de Novembro – às 19h

Teatro Riachuelo- Rua do Passeio, 38/40

Cinelândia

Tatiana Hélène Leskova:

Tatiana Hélène Leskova nasceu em 6 de dezembro de 1922. Francesa de ascendência russa, foi naturalizada como brasileira, país onde mora até hoje. Sua primeira professora de balé, a quem Tatiana atribui grande importância em sua formação, Lubov Egorova, era uma bailarina russa, que como seus pais, havia se exilado em Paris por conta da Revolução Bolchevique, em 1917. Tatiana Leskova mudou-se para o Brasil em maio de 1944. Seu primeiro emprego foi como dançarina no Copacabana Palace. Dançou uma coreografia de Vaslak Veltchek, coreógrafo tcheco de renome que se instalara no Brasil desde o advento da guerra, e que mais tarde lecionou no país.

Ainda em 1944, mais precisamente no mês de dezembro, Tatiana Leskova se apresentou ao lado de sua amiga Ana Volkova, das colegas do Original Ballet Russo Tamara Grigorieva e Lydia Kuprina, e das bailarinas brasileiras Leda Iuqui e do bailarino Wilson Morelli, em uma pequena récita organizada por Sansão Castelo Branco. Esse primeiro encontro fez com que Castelo Branco desenvolvesse um sonho de criar uma companhia, sonho esse que se tornou realidade um ano mais tarde, quando surgiu o “Ballet da Juventude”, inspirado no “Ballet de La Jeunesse”, ao qual ele assistiu e Tatiana fez parte.

Em 1945, Tatiana fez uma pequena estréia no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. No ano seguinte dançou no Cassino da Pampulha uma coreografia feita especialmente para ela: “Rhapsody in Blue”, desenvolvida por Nini Thelaide, além de uma outra chamada “Motto Perpetuo”, feita por ela mesma. Com o fechamento dos cassinos no Brasil, Tatiana ficou desempregada, e para preencher a lacuna no orçamento que tal fato ocasionou, começou a dar aulas de balé na clínica Santa Mônica, localizada em Copacabana. Lá teve alunos de grande talento, entre eles figuram Cirley Franca, Jean Quick e Consuelo Rios. Ainda em 1946, o bailarino estoniano Yuco Lindberg, que integrava o corpo de baile do Theatro Municipal do Rio desde a sua fundação, convidou Tatiana para fazer parte da temporada que ele organizava, que aconteceriam em outubro e novembro. Alguns meses antes assistiu a última temporada que o Ballet Russo fez na cidade em, e após a partida da Companhia, a famosa bailarina Nina Verchinia, em 1938,  aceitou um convite para coordenar o corpo de baile do Municipal, mudando-se para o Rio.

Verchinina teve uma curta e atribulada gestão no Municipal, e em sua gestão Tatiana Leskova tornou-se sua assistente e primeira-bailarina do Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Nessa mesma época Tatiana decidiu trazer sua família de Paris. De inicio, Tatiana era quem sustentava toda a família, o que fez com que ela não pudesse aceitar um convite para dançar no American Ballet Theatre, e se mudar para Nova York. Porém, logo sua tia começou a confeccionar tutus para as bailarinas e seu tio a fazer cópias de plantas para engenheiros. Todos os seus familiares faleceram no Rio de Janeiro, alguns anos mais tarde. Assim que terminou a temporada do corpo de baile do Theatro Municipal, os pais de seu amado a pediram que fosse para a Suíça, ficar com ele que estava internado em um sanatório. Passou dez meses na Suíça, ao lado dele, fazendo aulas no quarto e improvisando os equipamentos com o que dispunha. Nessa época recebeu um importante convite para trabalhar como bailarina no Ballet dês Champs-Elysées, mas devido a insistência de seu amado, recusou. Voltou para o Rio de Janeiro no fim de 1947, e devido às dificuldades e por ter largado o seu emprego para ir para Suíça, teve que implorar uma vaga para dançar no Copacabana Palace, ao lado de Leda Iuqui.  Como o corpo de baile do Municipal não estava na melhor de suas fases, Tatiana teve a idéia de montar sua própria companhia: “O Ballet Society”.

A companhia contava com doações para se manter, e muitas vezes fazia improvisações para montar o figurino. Depois de dois anos de muito sucesso e viagens por todo o Brasil, o “Ballet Society” teve que se desfazer, pois Tatiana Leskova havia recebido o irrecusável convite de ser diretora e primeira-bailarina do Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Tatiana assumiu a direção do corpo de baile do Theatro Municipal, pela primeira vez, em 1950, aos 28 anos. Durante os quase quarenta anos que esteve à frente desta instituição, foi e voltou várias vezes. Mesmo passando por muitas dificuldades e adversidades, o período em que foi diretora do Theatro Municipal do Rio foi de grande sucesso. Conhecida por sua dura disciplina, franqueza e exigência, Tatiana também foi responsável por animar as temporadas de dança do Municipal, fazendo apresentações quase diárias e trazendo bailarinos e coreógrafos de outros países como colaboradores. Com temporadas anuais que sempre contavam com participações de bailarinos internacionais importantes, as apresentações eram de sucesso e rodaram o país inteiro, além de algumas cidades de países vizinhos.

Em 1964 encerrou sua carreira como bailarina por conta de problemas em seu joelho, simultaneamente se afastou da função de diretora do Municipal do Rio por incompatibilidade artística com a direção do Theatro. Tatiana Leskova rodou o mundo com sua arte, fazendo parte de diversas companhias, coreografando para personalidades da dança e fazendo contribuições imensuráveis para a dança, principalmente no Brasil. Como ela mesma afirmou certa vez: “Os russos não me consideram russa, os franceses não me consideram francesa e os brasileiros não me consideram brasileira. Então, sou bailarina”.

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