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Infarto em mulheres jovens: fatores de risco e prevenção

Por Claudia Mastrange

Aos 38 anos, Priscila Nocetti, ex-apresentadora da Furacão 2000, sofreu um infarto quando estava em casa com a filha. Levada ás pressas ao hospital Rio Mar, na Barra da Tijuca, foi submetida a cateterismo e passa bem. Em seu Instagram ela revelou ser hipertensa desde a gestação de Yasmin, há 12 anos. “Comecei a sentir uma forte dor no meio do peito. Depois, meu braço esquerdo começou a doer. Percebi que poderia estar infartando. Chamei o Rômulo [Costa, seu marido] e pedi que ele me levasse à emergência. Chegando lá, fiz eletro e exame de sangue e foi constatado infarto no miocárdio”, declarou. A notícia chama a atenção para o fato não tão frequente de uma mulher jovem ser acometida por um infarto.

“Não é comum mulheres terem infarto na idade jovem. As mulheres, em geral, são acometidas por infarto entre os 40 e 50 anos, que é o período das alterações hormonais, da entrada na menopausa. O que pode causar o infarto em uma mulher mais jovem é, além da hipertensão, ter outros fatores de risco importantes, como a história familiar — que pesa muito —, se ela é fumante, se tem diabetes insulino-dependente e sofre há muito tempo com essa doença. O uso de drogas, como a cocaína, também é um fator de risco importante, independente da idade do paciente, porque causa o comprometimento do endotélio vascular causando o processo da ateroesclerose”, explica o cardiologista Mohamed Wafae Filho, chefe da Unidade Pós-Operatório em Cirurgia Cardíaca do Hospital São Francisco na Providência de Deus, no Rio.

Priscila Nocetti ao lado do marido: susto, aos 38 anos (Reprodução)

Mas é verdade que as mulheres apresentam sintomas diferenciados quando infartam, como dor no estômago e cansaço? “Sim. As mulheres, assim como os idosos e os pacientes diabéticos ou que já foram submetidos à cirurgia cardíaca, pertencem a um grupo em que os sintomas de infarto podem ser diferentes daqueles clássicos, como a dor no peito irradiada para a mandíbula ou para o braço esquerdo, suor frio. Os pacientes desse grupo precisam ficar atentos a alguns sintomas como mal estar, náuseas, vômitos, especialmente a mulher que apresenta fatores de risco”, afirma o cardiologista Alexandre Scotti, coordenador da Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Badim, no Rio.

O médico lembra que, até os 55 anos, as mulheres contam com uma proteção a mais, em relação aos homens: o hormônio feminino estrogênio, que reduz as chances de um evento cardiovascular. “Porém, após os 55 anos, as mulheres começam a apresentar percentuais de infarto agudo coronariano bem semelhantes aos dos homens”, explica o cardiologista.

PAPO RETO COM O DOUTOR

Por que vem aumentando o percentual de mulheres que são acometidas por problemas cardíacos?

Os homens sempre foram mais acometidos por infarto do que as mulheres, mas com pouca diferença. Isso porque o homem era o provedor da casa, então era submetido a um estresse exagerado. De 30 a 20 anos para cá, as mulheres passaram a ter as mesmas responsabilidades que antes eram quase que exclusivas dos homens. Com essa mudança, veio o estresse, que leva à hipertensão. A pessoa passa a se alimentar mais fora de casa, de maneira irregular. Contribui para isso o tabagismo e hoje vemos que as mulheres fumam mais do que os homens. Além disso, elas acumulam com o trabalho fora a responsabilidade de cuidar da casa, a jornada dupla. Nos últimos anos, então devido às mudanças na sociedade, há um equilíbrio entre os infartos em homens e mulheres.

Cardiologista Mohamed Wafae Filho

 

Como prevenir o infarto?

A principal forma de evitar um evento coronariano, especialmente em uma faixa etária precoce, é tratar os fatores de risco. Parar de fumar, fazer o controle dos níveis de pressão arterial, tomar regularmente as medicações e manter uma dieta com pouco sal, no caso de pacientes com hipertensão. As pessoas obesas devem fazer atividades físicas e adotar uma dieta adequada, assim como as pessoas com diabetes devem manter controlados os níveis glicêmicos. Os pacientes devem ficar atentos aos níveis de colesterol e seguir à risca o tratamento indicado pelo médico.

Cardiologista Alexandre Scotti

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