Jornal DR1

JORNAL DR1

Edições impressas

Lâminas do Cotidiano: O esplendor do surf

Sol. Mar. Marisol. Ondas vibrantes, gigantes, espetaculares. Gente jovem, bronzeada, alegre. Mil malabarismos e volteios e aéreos na prancha colorida, cintilante, parafinada. Uma orquestração perfeita entre homem e natureza. Areias escaldantes, música. Ainda Bob Marley. Sempre Bob Marley. O céu é azul em Saquarema no Rio de Janeiro ou seria em Fernando de Noronha, ou ainda em Margaret Rivers na Austrália? Tanto faz… os artistas rasgam as ondas como se fossem nuvens esbranquiçadas incrustadas nas águas desafiadoras. E é bonito vê-los habilidosos exibindo a arte delicada e potente de dialogar com o mar bravio, imenso, senhor absoluto da situação. Cabe então uma oração como faziam os ancestrais em pranchas rústicas, amadeiradas. Netuno o Deus é colérico, capcioso, temperamental. Ao longe se ouve o barulho de crianças maravilhadas pelo balé sincopado das marés. E elas riem se divertem, a felicidade é aqui e agora. Mas lá em cima na crista do tubo o jovem surfista diz para si mesmo: que o mundo acabe neste instante! É o ápice da existência humana, sem mortes, nem sofrimentos nem fomes ou guerras. O sol se estende infinitamente e abrange também a cidade e seus prédios, que seja o prenúncio de um renovado dia de trabalho, mas por enquanto, a diversão é a droga do momento, êxtase perfeitamente comparado aos prazeres do sexo. ÚAUUUUU que floater e o cut back irado? E a rasgada do Slater? Ou seria um surfista brasileiro: Felipe Toledo, Medina, Ítalo, Chumbinho? A vida passa a ser uma espécie de deslumbramento recortando o mundo líquido que explode em espumas despedaçadas enquanto os pés se mantêm inacreditavelmente apoiados na tábua lustrosa enquanto as mãos parecem reger um estranho compasso sob o ritmo imprevisto e feérico do vento terral. Tudo é colorido como numa fotografia montada à socapa da tristeza e da melancolia quase sempre triunfantes. Sol. Mar. Marisol e o dia vai acabando, baixinho vem chegando o negrume da noite mas o surfista, Ah o surfista não para nunca e incrivelmente  se metamorfoseia numa estranha criatura marítima que habita os lugares ermos onde o coração da gente às vezes pressente o prazer da vida.

Confira também

Nosso canal

Solenidade Centenário Casa do Minho