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Moradores de rua: os ‘invisíveis’ que não podem ser esquecidos

Foto: Agência Brasil

Por Franciane Miranda

A situação é extremamente complexa para a população que não tem onde morar. O jornal Diário do Rio recebeu um vídeo que mostra moradores que se encontram nessa situação criando confusões com pedestres na Rua do Lavradio, no Centro Rio. Invisíveis aos olhos da sociedade, dezenas de mendigos perambulam pelos bairros. Muitos deles com saúde fragilizada e com ferimentos, precisam de atenção e cuidados. Ou, talvez, não sobrevivam à pandemia do Covid-19.

Alguns vídeos produzidos por moradores que moram em Veneza circulam pelas redes. Notamos nas gravações que as vielas estão todas vazias. É importante que medidas sejam tomadas para garantir que esta população, já bastante vulnerável, não seja esquecida. Nossa equipe entrou em contato com a Secretaria Municipal de Assistência Social e Direitos Humanos do Rio de Janeiro, para esclarecer quais providências estão sendo tomadas para ajudar centenas de pessoas que hoje moram nas ruas da cidade.

De acordo com a Secretaria, foram estabelecidas algumas medidas neste âmbito para apoiar os necessitados. Estão sendo providenciados quatro mil kits de higiene pessoal, com sabonete líquido, lenço umedecido e papel higiênico, que serão distribuídos pelas equipes de abordagem à população que está nas ruas. A secretária Tia Ju e o presidente da Cedae estiveram na Santa Casa para verificar se no local pode adaptar a instalação de pias e chuveiros para higiene pessoal dos indivíduos que não possuem casa.

Nos pontos onde há maior concentração, a Secretaria destaca que serão colocadas tendas para atendimento. O locais de apoio serão na Zona Sul, funcionando de 8h às 18h, e no Centro do Rio, de 20h às 0h. A ação foi planejada em parceria com a Secretaria de Saúde.

A secretária também destaca que para o acolhimento de pessoas em situação de rua, serão oferecidos três abrigos, sendo um no Sambódromo, Santo Cristo, e outro em Honório Gurgel, este cedido pela Firjan.

Em meio às ruas do Leblon, um dos bairros mais caros do Rio, vive Sérgio de Souza, 28 anos. Não é fácil, mas ele continua lutando para sobreviver e usando praças, algumas vezes a do Vidigal, para dormir. Quando falamos sobre o risco do novo coronavírus, o carioca que não quis falar sobre a família, afirma não ter medo da morte. Prefere continuar nas ruas, mesmo com todos os perigos que ela oferece. O jovem nos diz que não quer ir para abrigo da Prefeitura, tão pouco para hospitais.

“A Secretaria está recebendo doações de empresas, muito importante nesse momento e estamos nos empenhando para evitar que essas pessoas em situação de rua, que recusam o serviço de acolhimento, sejam informadas dos riscos da exposição na rua. Já iniciamos as medidas emergenciais, como a distribuição de panfletos e kits de higienização, além do reforço dos atendimentos pelas equipes de abordagem”, destaca Tia Ju.

Pensar no coletivo

Foram abertas 400 vagas em quartos de hotéis para idosas, gestantes e mães com crianças em situação de rua. O local será exclusivo para essa população, detalha a secretária. Com relação aos testes, nos informaram que seguirão o protocolo estabelecido pela Secretaria de Saúde. Eles serão realizados apenas em pessoas que apresentem algum sintoma do vírus.

Outra atitude tomada é com relação aos restaurantes populares: eles continuarão abertos. Entretanto, foram estabelecidas várias regras rígidas de circulação, higiene e orientação para os usuários que frequentam e precisam do local. Lá serão divulgados áudios internos e cartazes com normas de assepsia.

É importante fazermos uma reflexão sobre estas pessoas que estão abandonadas nas ruas. Não adianta nos preocuparmos apenas com o nosso bem-estar e nos trancarmos em casa. Precisamos cuidar de todos, pois, no final das contas, o vírus não escolhe quem infectar.

A higiene pessoal, como um todo, conta para acabarmos com o novo coronavírus. Não adianta lavar apenas as mãos e achar que está tudo resolvido. Precisamos pensar no coletivo, pois a doença requer apenas de um indivíduo para contagiar milhares. Sendo assim, as pessoas que estão nas ruas serão vítimas duas vezes do Poder Público e da sociedade.

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