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O Cantador de Histórias: Serenata de luzes: a união que iluminou a pandemia

Na noite em que Dona Cida completou 72 anos, o mundo ao seu redor estava mergulhado na solidão imposta pela pandemia. O silêncio nas ruas refletia o vazio em sua casa, onde pela primeira vez, ela passaria o aniversário sem os filhos e netos. Mas eles tinham outros planos.

Era uma noite fria de junho, quando o relógio marcou oito horas e uma suave melodia começou a ressoar pelas paredes do prédio. Surpresa, Dona Cida levantou-se e foi até a janela. Lá embaixo, na calçada, estava a trupe da serenata cantando “Rosa” a música que o marido de Dona Cida, falecido há alguns anos, sempre tocava para ela. A melodia tocou fundo em seu coração, trazendo lembranças de tempos mais felizes.

Mas isso era apenas o começo. Enquanto a voz de Fredi ecoava, as luzes das sacadas e janelas do prédio começaram a acender, e logo ela percebeu que seus filhos estavam todos ali, conectados por uma chamada de vídeo projetada em uma grande tela montada por um dos netos na sacada. Com violões e flautas, eles começaram a acompanhar Fredi Jon, tocando e cantando junto.

A emoção tomou conta do ambiente, e, para a surpresa de Dona Cida, os vizinhos começaram a se unir à homenagem. Primeiro, uma jovem do segundo andar apareceu na janela com um violino, tocando junto. Em seguida, um casal idoso no andar de cima começou a cantar. Em pouco tempo, a música se espalhou pelos corredores, ecoando pelos prédios vizinhos. As luzes das janelas brilhavam como estrelas, enquanto as pessoas acenavam, cantavam e tocavam instrumentos, todos unidos em uma celebração espontânea.

Dona Cida não conseguia conter as lágrimas. Nunca imaginara que, em meio a tanto distanciamento, poderia sentir tanto amor. Ela abriu sua janela e, com a voz embargada, agradeceu a todos. Fredi Jon, então, encerrou a serenata com uma canção especial, escrita pelos filhos de Dona Cida, que falava sobre os momentos felizes que a família havia compartilhado e a esperança de que, em breve, todos estariam juntos novamente.

Naquela noite, o amor e a música transcenderam o isolamento. Dona Cida, ao apagar as velas de seu bolo, fez um pedido: que aqueles momentos de união e amor jamais fossem esquecidos, mesmo nos dias mais difíceis. E assim, em meio à pandemia, a serenata para Dona Cida se transformou em um símbolo de esperança, iluminando não só sua vida, mas também as de todos que participaram daquele momento inesquecível.

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