Jornal DR1

JORNAL DR1

Edições impressas

Seus Direitos: O que é sororidade?

Entenda o que quer dizer sororidade, palavra que não está no dicionário, mas faz parte da vida das mulheres.  Sororidade é a união e a aliança entre mulheres, baseadas na empatia e no companheirismo, em busca de alcançar objetivos em comum. A palavra sororidade ainda causa certa estranheza para os que a escutam pela primeira vez, mas se torna cada vez mais presente no dia a dia de quem acompanha o movimento feminista. A semelhança com “solidariedade” não está só na gramática. De fato, uma coisa está ligada à outra. Sororidade, com todos esses érres, refere-se à união entre as mulheres e a solidariedade, claro, entra nessa conta.

O conceito da sororidade está fortemente presente no feminismo, sendo definido como um aspecto de dimensão ética, política e prática desse movimento de igualdade entre os gêneros.

Do ponto de vista do feminismo, a sororidade consiste no não julgamento prévio entre as próprias mulheres que, na maioria das vezes, ajudam a fortalecer estereótipos preconceituosos criados por uma sociedade machista e patriarcal.

A sororidade é um dos principais alicerces do feminismo, pois sem a ideia de “irmandade” entre as mulheres, o movimento não conseguiria ganhar proporções significativas para impor as suas reivindicações.

A origem da palavra sororidade está no latim sóror, que significa “irmãs”. Pode ser considerado a versão feminina da fraternidade, que se originou a partir do prefixo frater, que quer dizer “irmão”. Não há um sinônimo perfeito para sororidade, mas as palavras que mais se aproximam são irmandade e fraternidade (entre mulheres).

A sororidade é o oposto da rivalidade feminina e visa justamente combater o mito de que mulheres são sempre rivais, estimulando o apoio e a união entre elas.

Sororidade seletiva:

Esta definição é aplicada quando há uma segregação entre subgrupos que estão inseridos no conjunto do que seria o “ser mulher”. Ou seja, quando a irmandade entre as mulheres é baseada em interesses pessoais de determinadas pessoas, ignorando o companheirismo empático e altruísta.

Um exemplo de sororidade seletiva são as feministas conhecidas por Terfs (Trans Exclusionary Radical Feminist), que não reconhecem a identidade do transgênero como mulher.

Assim, o apoio, união e companheirismo dessas feministas são seletivos, destinados apenas para as mulheres do ponto de vista biológico e não de identidade comportamental.

Com base na empatia e no companheirismo, a sororidade faz parte de um dos princípios básicos do feminismo. Afinal, juntas somos mais fortes. Por isso, se quisemos e queremos a igualdade de gêneros – direito ao nosso corpo, salários iguais, responsabilidades divididas, mais oportunidades –, precisamos praticar esses conceitos com as nossas semelhantes. Para isso, evite, por exemplo julgar a outra pela roupa usada ou culpar uma mulher pelo fim de um relacionamento, que se reflete na sentença: “Ela foi o pivô da separação”.

Em 10 anos, as buscas pela palavra no Google cresceram 418 vezes no Brasil. Ela é o catalisador da mudança de uma realidade em que a rivalidade feminina ainda é estimulada desde a infância.

Vejamos alguns exemplos de movimentos protagonizados por mulheres que traduzem o termo na prática:

#MexeuComUmaMexeuComTodas

A hashtag foi uma das reações à denúncia de assédio da figurinista Su Tonani contra o ator da Globo José Mayer. No mesmo dia que a notícia veio a público, atrizes da mesma emissora vestiram camisetas com os dizeres “Mexeu com uma, mexeu com todas” e postaram fotos em suas redes sociais em apoio à figurinista. Nas manifestações de rua, ela foi repetida aos montes.

#MeToo

Mais uma hashtag (usada no Brasil como #EuTambém) que impulsionou mulheres a relatar suas histórias de abuso sexual nas redes sociais. Dessa vez, o gatilho foi a denúncia de assédio que derrubou o produtor hollywoodiano Harvey Weinstein. O movimento tomou conta de eventos como Oscar, Globo de Ouro, Festival de Cannes, entre outros, que viraram palco de protesto.

Time’s Up

Em apoio ao #MeToo, um grupo formado por mais de 300 atrizes, produtoras e executivas da indústria do cinema criou um plano de ação contra a violência sexual. O projeto Time’s Up foi lançado no primeiro dia de 2018 por meio de um comunicado assinado por mulheres do show business americano, como Natalie Portman, Reese Witherspoon e Emma Stone.

Beta, o robô feminista

Quando uma pauta importante para as mulheres está para ser debatida pelos governantes em Brasília, Beta (ou Betânia) envia mensagens aos seus seguidores com instruções e estratégias para se posicionarem. Essa é a ideia da ferramenta, que age por meio do inbox do Facebook e auxilia e informa as mulheres sobre os seus direitos.

Teoria do brilho

O termo em inglês “shine theory” foi cunhado pela jornalista norte-americana Ann Friedman para propor  a sororidade também no ambiente de trabalho.  Segundo  ela, o objetivo é apoiar e exaltar o sucesso das colegas para que todas consigam brilhar juntas. A estratégia foi adotada durante o mandato do presidente Barack Obama. Com o intuito de assegurar que suas ideias não fossem roubadas, quando um das mulheres do governo fazia uma declaração, as demais

Definindo o que é sororidade  trazendo algumas considerações relevantes:

A origem da palavra sororidade, como já se disse,  está no latim sóror, que significa irmãs. Esse termo pode ser considerado a versão feminina de fraternidade, que se originou a partir do prefixo frater, que quer dizer irmão.

Relação de irmandade, união, afeto ou amizade entre mulheres, assemelhando-se àquela estabelecida entre irmãs – Dicionário Online de Português.

Sororidade é a ideia de solidariedade entre mulheres, que se apoiam para conquistar a liberdade e a igualdade que desejam. É respeitar, ouvir e dar voz umas às outras sem julgamentos – Escola Educação.

Em resumo, sororidade diz respeito a um comportamento de não julgar outras mulheres e, ainda, ouvir com respeito suas reivindicações.

Muitas vezes, o termo sororidade é erroneamente interpretado como se, por obrigação, as mulheres devessem gostar de todas as outras mulheres. Mas essa não é a questão, o termo refere-se sobretudo a ter empatia e sobre o exercício de cada mulher se colocar no lugar umas das outras, respeitando seus respectivos contextos.Portanto, a sororidade é um movimento importante pois é preciso desconstruir a rivalidade que foi colocada para as mulheres e, no lugar de tal rivalidade, pautar um sentimento de união.

Na origem do termo sororidade existe uma discussão sobre o termo sororidade que procura compreender se esse sentimento trata-se de uma essência da mulher ou se está conectado com a moral dos movimentos feministas, os quais dizem respeito a questões sociais, políticas e econômicas.

Para discutir sobre isso, utiliza-se como referência a tese escrita por Tatiane Leal, “A invenção da sororidade: sentimentos morais, feminismo e mídia”, de 2019.

Essência:

Segundo a referência mencionada anteriormente, essa linha acredita que é natural que a mulher apresente esse sentimento de irmandade diante de outras mulheres.

Esse pensamento, as vezes relacionado com questões de religião e psicologia, defende que a mulher possui em si a capacidade de expressar sensibilidade e empatia.

Moral:

Nesse caso, acredita-se que a sororidade é uma resposta moral diante da sociedade patriarcal, tornando possível a tomada de consciência sobre as tentativas do patriarcado de estabelecer desunião entre as mulheres

O sentimento de sororidade, portanto, impulsionaria as mulheres para conduzirem, juntas, um movimento político de transformação das estruturas sociais.

Como mencionado, a questão não é sobre ter uma afinidade com todas as mulheres, mas compreender que, independentemente de vivências diferentes, as mulheres possuem uma opressão em comum: a opressão de gênero.

Confira também

Nosso canal

Solenidade Centenário Casa do Minho