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 Stênio Gardel: do Ceará para o mundo pela literatura

Crédito: Estadão

Premiado escritor aos 41 anos, trouxe prêmios inéditos para a literatura brasileira

No coração do Ceará, mais precisamente na zona rural de Limoeiro do Norte, nasceu Stênio Gardel, filho de Dona Irene (Raimunda Irene Maia). Desde a infância, ele enfrentou desafios pessoais ao se reconhecer como homossexual, uma jornada que moldou sua visão de mundo e influenciou sua carreira literária. Stênio viveu em Limoeiro do Norte até 1997, quando decidiu buscar novos horizontes na capital, Fortaleza, movido pelo desejo de ingressar na faculdade.

O despertar para a escrita aconteceu na infância, durante as visitas à casa de uma tia na zona urbana de Limoeiro do Norte. Foi lá que Stênio se encantou pela leitura de “O Cão dos Baskervilles”, obra do inglês Arthur Conan Doyle. Esse encontro com a literatura fez com que ele se questionasse sobre a possibilidade de criar histórias tão fascinantes quanto aquela.

Em Fortaleza, Stênio Gardel construiu sua carreira como servidor público no Tribunal Regional Eleitoral do Ceará. No entanto, sua paixão pela escrita estava adormecida até participar dos Ateliês de Narrativa ministrados pela renomada escritora Socorro Acioli. Foi nesse ambiente que o antigo sonho de escrever um romance foi reavivado.

“A Palavra que Resta”, seu romance de estreia, nasceu durante esses ateliês e conta a história de Raimundo Gaudêncio de Freitas, um homem analfabeto que, aos 71 anos, busca aprender a ler para decifrar uma carta guardada por cinquenta anos. A narrativa aborda conflitos familiares, a dor do ocultamento da sexualidade e a busca por ressignificações após a fuga de casa.

No entanto, “A Palavra que Resta” não foi o primeiro texto escrito por Stênio. Ele também contribuiu com outros trabalhos em coletâneas, como “Farol”, publicada pela Editora Moinhos em 2017. Seu talento se destacou, e em 2021, seu primeiro livro foi publicado pela prestigiada Editora Companhia das Letras.

O ano de 2023 trouxe consigo grandes honrarias para Stênio Gardel. “A Palavra que Resta” foi finalista do 64º Prêmio Jabuti na categoria romance literário, conquistando seu espaço no cenário literário brasileiro. Além disso, o autor e a tradutora Bruna Dantas Lobato foram agraciados com o National Book Award nos Estados Unidos na categoria tradução de obra literária, tornando-se o primeiro livro brasileiro a receber tal reconhecimento.

Aos 41 anos, Stênio Gardel se vê vivendo o sonho que acalentava desde os 12, o de ver publicado o primeiro livro de sua autoria. Em entrevista ao Verso, ele compartilha a emoção de alcançar essa realização e destaca a importância de manter o foco na qualidade do texto, priorizando a mensagem sobre a figura do autor.

Com uma voz única e original, Stênio Gardel foi apontado por escritores renomados, como Socorro Acioli e Lira Neto, como uma das vozes mais originais da literatura contemporânea brasileira. Seu olhar sensível, aliado a uma prosa poética, transcende o cotidiano, explorando temas como amor, aceitação e a jornada humana de maneira singular.

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