Musa da Beija-Flor, Sávia David fala sobre enredo da escola para o próximo ano e exalta a sabedoria e empoderamento do povo preto em ensaio fotográfico
Tentativa de silenciar e apagar não foram suficientes. O negro resiste, insiste e, ao longo da história, jamais se deixou calar. Prova disso são personalidades em todas as áreas que sempre foram voz em uma sociedade preconceituosa e discriminatória. Em 2022, o enredo da Beija-Flor fala sobre esse tema. “Empretecer o pensamento é ouvir a voz da Beija-Flor”, um enredo de autoria coletiva, escrito pelas mãos, vozes e memórias de cada componente da comunidade de Nilópolis.
Sávia David, musa da escola, vem representando o empoderamento feminino e a sabedoria. Digital influencer, bacharel em Direito e Educação Física, fisiculturista, esposa e mãe de dois filhos, ela se identificou de imediato com o enredo e com o que vai levar para a avenida.
O preto vem de uma história sofrida, mas cheia de beleza, superação
Foto: Jennifer Castro
e ensinamentos. A mulher preta ainda mais. Pesquisas mostram isso. Mesmo assim, elas não deixaram de mostrar o talento na arte, na literatura, na música e em muitos outros setores. Mulheres que sempre foram poderosas e abriram espaço para todas nós – diz.
Totalmente envolvida com o enredo, Sávia participou de um ensaio fotográfico exaltando o empoderamento e sabedoria da mulher preta.
A sabedoria não está apenas em ter cursado uma faculdade, escrever
Foto: Jennifer Castro
livros ou se tornar artista. Vai muito além. Essas mulheres carregam com elas a sabedoria da superação, da resistência, da leniência e da resiliência. Mulheres que sempre foram empoderadas por essas qualidades. E hoje somando a tudo isso, somos empoderadas porque fomos além e somos capazes de nos libertar dos conceitos estéticos e assumir toda nossa ancestralidade.
O ensaio “Preta Empoderada” foi feito pela fotógrafa Jennifer Castro. Tudo uma referência intelectual ao povo preto.
Chegou a hora de jogar por terra de uma vez por todas a estrutura colonial racista que despreza a riqueza intelectual que produzimos.
Nesta quinta-feira acontece a semifinal da escolha do samba enredo da Beija-Flor na quadra da escola em Nilópolis e Sávia preparou uma veste temática.
Quero exaltar todo o poder que a mulher preta tem e sempre teve – conclui.
Espetáculo traz circo do século XX e personagens do presente com mensagens de empoderamento e luta contra o racismo.
Em 2020, Benjamin de Oliveira completava 150 anos. Dono de circo, palhaço, dramaturgo, ator, cantor, compositor, músico. Muitos desses talentos foram exaltados durante o desfile da Acadêmicos do Salgueiro na avenida no carnaval carioca. Mas agora é a vez dos palcos.
Com produção em desenvolvimento desde 2018 e alavancado graças às inspirações do desfile da Acadêmicos do Salgueiro em 2020, o musical “Benjamin – O Palhaço Negro” traz o picadeiro aos palcos numa mistura lúdica de passado e futuro. Uma companhia mambembe fracassada resolve criar um novo espetáculo, já sem esperanças de sucesso, têm um encontro com Benjamin, fundador da trupe, informação que, até então, era desconhecida aos artistas. Contando a história de Benjamin, o espetáculo espelha passado e presente, mostrando a luta e o preconceito vivido pelo povo negro desde lá até hoje.
Com direção de Tauã Delmiro, idealização de Isaac Belfort, texto de Rebeca Bittencourt e direção musical de Nakiska Muniz, o espetáculo visa levar a história do palhaço negro e a voz de artistas pretos aos palcos com um grito de luta contra a opressão, trazendo junto a ele uma celebração ao artista inovador e inspirador que foi Benjamin, e que a história tentou abafar. No palco, nove artistas negros de musical darão vida a trajetória: Layla Santos, Isaac Belfort, Elis Loureiro, Maria Antônia Ibraim, Marcelo Vittória, Peterson Ferreira, Alex Carbral, Sara Chaves e Léo Araújo como ator convidado.
A peça, realizada pela Belfort Produções, tem previsão de estreia para abril de 2022 no Rio de Janeiro, com ingressos a preços acessíveis para maior acessibilidade e democratização do público.
Para mais informações sigam o perfil do espetáculo no Instagram: @musicalbenjamin
Batizado como Oficina de Artes Paulo Benjamin de Oliveira (Paulo da Portela), o projeto ganha vida hoje quinta-feira, dia 24.
Com intuito oferecer e incentivar a arte de um modo geral, a Oficina de Artes Paulo Beijamin de Oliveira, terá como principais atividades aulas teatro, dança, canto, maquiagem e artes visuais, de forma totalmente gratuita.
Foto: Divulgação
A proposta do projeto, idealizado pela Rainha da Majestade do Samba, Bianca Monteiro, tem como coordenação os jovens artistas Isaac Belfort e Gabriel Barbosa, que irão promover as oficinas ministradas por uma equipe de profissionais formados na área de casa modalidade artística.
“A ideia é de continuar o legado, ter artistas, sambistas da própria comunidade, para valorizar suas raízes.” Declarou a Rainha, Bianca.
As oficinas serão realizadas na Portelinha, a primeira quadra da G.R.E.S PORTELA, no Bairro de Oswaldo Cruz – Rio de Janeiro, por um período de seis (6) meses. O projeto irá atender adultos e adolescentes a partir de 13 anos de idade, com a finalidade de resgatar a comunidade da Portela.
As seletivas para participar da oficina, estarão disponíveis em breve, então fiquem atentos nas redes sociais da Oficina.
Aos 90 anos de idade, Elza Soares é consagrada na Marquês de Sapucaí, na madrugada desta terça-feira (24). Enredo da Mocidade Independente de Padre Miguel, a mulher pobre da comunidade de Vila Vintém, localizada entre os bairros de Realengo e Padre Miguel, na Zona Oeste da capital fluminense é reverenciada na grande “Passarela do Samba”.
“Vencer a dor, que esse mundo é todo seu Onde a água santa foi saliva Pra curar toda ferida Que a história escreveu”
Uma vida marcada pela luta e sofrimento, Elza Soares venceu por com garra e a força de nunca desistir de viver. Mulher negra, pobre, de comunidade, vítima de tantos preconceitos viu sua trajetória ser contada ao mundo, através do enredo “Elza, Deusa Soares”, samba composto por Sandra de Sá e Jack Vasconcelos, assinando como carnavalesco da agremiação.
Foto: Reprodução
Aplaudida, a menina humilde, que cantarolava o som do “Louva-a-Deus” subindo as ruelas da comunidade, trazendo na cabeça, a “lata d’agua” trazida na abertura do carro abre alas. Eleita personalidade do carnaval e ganhadora do Estandarte de Ouro 2020″, Elza provocou grandes reflexões na avenida, porém, muito atrasada, a escola precisou correr para encerrar o desfile dentro do horário.
“É sua voz que amordaça a opressão
Que embala o irmão
Para a preta não chorar (para a preta não chorar)
Se a vida é uma aquarela
Vi em ti a cor mais bela
Pelos palcos a brilhar”
https://youtu.be/P0FvPpD-Fg0
Em 1953, Elza resolveu enveredar pela música, participando como cantora no programa Calouros em Desfile, apresentado por Ary Barroso na Rádio Tupi, que de forma iônica perguntou a caloura de qual planeta era teria surgido. Forte e destemida, ela responde: “Do mesmo planeta que o senhor, Seu Ary. Do Planeta Fome”.
Elza, que deu voz a muitas mulheres, é considerada o símbolo da resistência negra na atualidade. Viva, ela!