Jornal DR1

A Medusa e o prato de arroz

Tratava-se de um labirinto devassado, todo de pedra e musgos. Seus caminhos eram como os de uma alma torturada por culpas seculares; as razões de tais culpas? Paradas no tempo, movimentam-se no coração de duas mulheres. – Por que vieste? Nada tens a fazer aqui, nada a vos oferecer. Ao menos sabe que estás no… Continue a ler A Medusa e o prato de arroz

Mantícora

Seu porte descomunal arrebatou Ariadne, seus olhos em chamas – fixos nos seus – a musculatura colossal das patas, das asas; a cauda de escorpião… veio, movendo-se por entre as pedras…  pendulava a cabeça, soturno, o cenho franzido coberto por pelos entremeados de areia e tempo… e foi como se o tempo abrisse a boca… Continue a ler Mantícora

Ariadne, seus encontros e seu retorno do Oitavo círculo do Inferno

Nunca lhes enganei: sempre fui uma louca aos olhos dos homens, posto que movida pelos deuses.  A voz tonitruante do caos me foi simpática, certa feita; então decidi me aventurar para além dos portais do mundo conhecido. Rumo a Urano. Sou folclórica, mitológica em essência, trágica nas tentativas, heroica em atitudes…  Nunca lhes enganei, portanto,… Continue a ler Ariadne, seus encontros e seu retorno do Oitavo círculo do Inferno

Urobóros

Foto: Pixabay

Os medicamentos para insônia encareceram, pois sua demanda aumentou; grande parte dessa inflação se deu por conta do aumento no consumo de estimulantes. E o aumento no consumo de estimulantes, comprovadamente teve como um dos grandes causadores o aquecimento do mercado dos calmantes e analgésicos. Nos comerciais se vê um mundo plástico, perfeito, charmoso, estiloso… Continue a ler Urobóros

Estorvo e poder

Tão grande é a ilusão da individualidade, tão grande o engano do indivíduo que considera seus hábitos muito próprios, específicos, raros, diferentes e especiais, que o espanto acomete os incautos arautos da notícia : todos são muito diferentes, mesmo; mas essa diferença é um resultado de muitas e muitas escolhas que, não raro, são resultado… Continue a ler Estorvo e poder

Muitas Grécias

Antes da Era Presente, na última vez que os humanos tiveram entre eles um deus, caminhando entre eles, parte de seu cotidiano;  um deus que habitava, não que era intuído;  um deus que se alimentava, não que recebia libações;  um deus que se via, não que se esperava ou que se revelava em sonhos… na última vez que tiveram entre vocês um deus… um deus que caminhava, que pisava, que falava… sei que vocês imaginam… Continue a ler Muitas Grécias

Carruagem

Findo o ato de sublimação, alternado o caso de recepção, alhures me chamava Ariadne, indiferente às perturbações que fingia possuir, eu que não possuía a mim mesmo já havia uma data… o Sol daquele dia queimava o papel do sorvete mais do que minhas narinas e ainda mais do que minhas ideias acerca de sua provável extinção. Saber que algo superior a mim mesmo, em… Continue a ler Carruagem

A morcego

Quebra a janela num estrépito! E como quem se recolhe ao próprio lar, desfaz-se dos fragmentos purpúreos do vitral multicolor. Alça voo! E, planando com graça milenar, vulto negro, executa o movimento que a mantém suspensa, dançando, quase cega em meio aos ornamentos sagrados; pousa e contempla as nuvens do ignoto. Parece descansar na solidão, como se alcançasse, com a sua paz e o seu sono na… Continue a ler A morcego

O fantasma do gatinho e os três lados das coisas

Tem sido comum em meus passeios sentir-me como uma criança que percebe uma utilidade, para o futuro, em brincar de quebra-cabeças e brinquedos de encaixe: hoje senti-me como essa criança que, num insight, vê uma família arrumando uma mudança na caçamba de um carro, encaixando estrados, madeiras, móveis… pensando na utilidade de brincar de encaixar… Continue a ler O fantasma do gatinho e os três lados das coisas