Jornal DR1

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Edições impressas

Lâminas do Cotidiano: Quem são eles, os suicidas?

Foto: Reprodução/Internet

Quem são eles, os suicidas? Aqueles que deixaram de acreditar em tudo, nos homens e em Deus? Os ofendidos da terra de olhos crepitantes? Os que viram algo extraordinário que eu nunca fui capaz de ver? Ou sentiram o que minhas entranhas jamais puderam sentir? Quem são eles, os suicidas, desde a eternidade? Meus contemporâneos?… Continue a ler Lâminas do Cotidiano: Quem são eles, os suicidas?

O divórcio (Parte 2)

E riu-se gostosamente, depois de ter aberto a segunda garrafa de vinho. – Que tal vender o BMW? E todas as joias da Tiffany? Quem sabe uma casinha pintada com cores vibrantes, amarelo e roxo, bem pequenina e aconchegante não fosse muito melhor do que conviver com os esnobes insuportáveis do condomínio Parque dos Príncipes?… Continue a ler O divórcio (Parte 2)

O divórcio (Parte 1)

A primeira coisa que ela fez ao chegar em casa foi tirar os sapatos e jogar-se como uma boneca de pano no sofá vermelho. Estava exausta e jamais imaginou em toda a vida uma disputa judicial assim tão penosa e ríspida com o homem que durante vinte e seis anos tinha sido seu companheiro inseparável.… Continue a ler O divórcio (Parte 1)

Amor

Foto: Reprodução

A doente na cama. Ajudo a levantá-la, a ir claudicante ao banheiro. Preparo os remédios, fico atento aos horários. Trago refeição, água e guardanapos. Insisto: mais uma colherada, duas, você precisa comer! Meço a temperatura, o nível de oxigenação, os batimentos cardíacos. Normais, graças a Deus! Fico ali imóvel, disponível. Puxo conversa sobre parentes, política,… Continue a ler Amor

A insustentável leveza do ser amado

Havia algo de misterioso no teu olhar ferino, algo que lembrava o aroma cítrico dos laranjais nas tardes de primavera. Indescritível aquele jeito da jovem magrinha e introvertida que amava o silêncio da noite e os fantasmas intergalácticos que continuam a habitar o imaginário da criatura humana desde o paraíso perdido. Entretanto você como boa… Continue a ler A insustentável leveza do ser amado

A página em branco

Vejo a página em branco à minha frente, repleto de temores. Ela me olha de volta, desafiadora: – Trouxeste o elixir escondido desde o começo do mundo, capaz de desvelar os meus segredos? Eu me impaciento e dou de ombros porque não sei como transmudá-la na carne suculenta da poesia. E permaneço lasso, impassível diante… Continue a ler A página em branco

Meu corpo enovelou-se nos braços da deusa

Senti que puxavam meus pés descalços. Era a areia grossa e pedregosa ruindo, tentando empurrar-me para o perímetro subterrâneo da floresta desolada, onde os homens entoavam cantos tenebrosos de sacrifícios e adoração mística. Lutei o quanto pude até perder por completo as energias e por fim, fui escorregando lentamente pelas frestas pontiagudas e ouvindo ao… Continue a ler Meu corpo enovelou-se nos braços da deusa

Perguntas ao vento

O que fazer com a alegria?  O que fazer com a tristeza? O que fazer com a esperança e os desatinos?  E os sonhos?  E o amanhã errático? O que fazer com a morte, sempre à espreita? O que fazer com o desejo, nu e inconsolável? O que fazer com a estranheza dos dias?  O… Continue a ler Perguntas ao vento

Memória e melancolia

O dia nasceu nublado e surpreendentemente frio para novembro. Apesar da chuva fina, resolvi tomar coragem, calçar o tênis, vestir a calça de moletom e a jaqueta corta-vento novinha em folha e ir caminhar meus sete quilômetros diários. Por conta do tempo ruim, havia pouquíssima gente na rua e o trânsito estava uma maravilha, o… Continue a ler Memória e melancolia

Os deuses que sabiam dançar

Foto: Renato Mangolin/Direitos reservados

A filosofia da potência (dynamis), desde Aristóteles e depois no século XVII com Espinosa, é aquela que recomenda para todos nós uma vida mais alegre, entusiasmada e corajosa, diante dos abismos inexoráveis que caracterizam e consomem a condição humana. Potência aqui entendida como fluxo inexaurível da vida que gera sempre mais e mais vida, até… Continue a ler Os deuses que sabiam dançar